São Paulo, sábado, 11 de julho de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Desvio de foco

Embora receoso dos rumores sobre a iminência de novas denúncias, o núcleo próximo a José Sarney (PMDB-AP) atravessou o dia de ontem com a avaliação de que a promessa de instalar a CPI da Petrobras na terça produziu o efeito desejado de acalmar a oposição, que agora trata a comissão como prioridade.
A despeito de um ou outro discurso mais inflamado na tribuna, o presidente do Senado e seus aliados acreditam que, se a comissão de fato começar a funcionar, o alvo principal do PSDB e do DEM não será a Fundação José Sarney, suspeita de desviar recursos que lhe foram repassados pela estatal. "O que eles querem é o PT", resume um sarneysista.




Veja bem. Sarney telefonou à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e ao chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, na quinta à noite. Tentou argumentar que não agiu para agradar a oposição ao determinar a abertura da CPI, mas sim porque o STF mandaria instalar a comissão de qualquer maneira.

Não leve. Quando Sarney deixou o Palácio do Planalto, em 1990, a comissão responsável pela guarda de documentos presidenciais emitiu parecer contrário ao envio do acervo para o Maranhão. Segundo a orientação dos técnicos, o material deveria ser remetido ao Arquivo Nacional, pois no Maranhão não haveria garantia de que estaria devidamente protegido nem de que receberia o tratamento adequado para preservação.

Levo sim. Sarney ignorou o parecer. Alegou que faria de sua fundação "um ponto de referência para a cultura brasileira do norte do país".

Caneta. Roseana Sarney (PMDB) assinou ontem decreto desapropriando área para a instalação de refinaria da Petrobras no Maranhão. Em discurso, ela disse que a Petrobras é um "orgulho para o Brasil" e elogiou Lula.

Muito bonito! A julgar pelo site que permite ver os e-mails recebidos pelos senadores com perfil no Twitter, Aloizio Mercadante deve andar de orelha quente. São muitas as mensagens cobrando a adesão do petista ao "fora Sarney" e à CPI da Petrobras. Uma delas: "Que beleza! Tem tempo pra twitar mas não tem tempo pra instalar a CPI!".

Na rede. Tão logo acabe o recesso, o CNJ vai se debruçar sobre a criação de uma espécie de Siafi para divulgar as contas da Justiça nos Estados.

Novo no bairro. Esqueceram de avisar a Ciro Gomes (PSB) que Orestes Quércia (PMDB), com o qual o deputado descartou qualquer tipo de aliança caso venha a disputar a sucessão em São Paulo, foi recentemente visitado pelos petistas Cândido Vaccarezza e José Mentor. A dupla tentava atrair o ex-governador, aliado de José Serra (PSDB), para o campo lulista.

Pelo estômago. Presidente da CNA, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) chegou na terça-feira ao Ministério do Planejamento, onde teria reunião sobre o fundo garantidor da agricultura, portando duas bandejas: uma de broas e outra de bolo de milho. Tudo para seu neoamigo Paulo Bernardo, a quem cobriu de elogios recentemente na tribuna.

Pessoa comum. Diplomatas brasileiros ficaram impressionados ao ver ontem o premiê espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, almoçando no "bandejão" do Centro de Imprensa da cúpula do G8. Sem seguranças. Nenhum outro chefe de governo se aproximou do centro.

A luta continua. Do líder do PSOL na Câmara, Ivan Valente (SP), em resposta à carta de Luciana Genro (RS) à direção da sigla, na qual o acusa de "machismo e grosseria": "É uma atitude desqualificada de alguém que mente de forma despudorada para patrocinar luta interna".


com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O governo Yeda, no qual uma assessora misteriosa tem tanto poder, não combina mesmo com uma Secretaria de Transparência."

Do deputado estadual FABIANO PEREIRA (PT), que presidiu a CPI do Detran gaúcho, sobre a saída de Carlos Otaviano Brenner de Moraes após Yeda Crusius (PSDB) se recusar a demitir Walna Menezes, suspeita de envolvimento em esquema de fraudes em obras.

Contraponto

Penas alternativas

Após a segunda absolvição de Edmar Moreira, o clima no Conselho de Ética da Câmara desandou para a piada.
-Acho que ele deveria ser obrigado a pintar sozinho o castelo inteiro- brincou um deputado.
Voto vencido pela cassação, Ruy Pauletti (PSDB-RS) não só se recusou a ser o terceiro relator do caso, num encaminhamento que proporia apenas suspensão a Edmar por ter usado a verba indenizatória para contratar suas próprias empresas, como bateu na madeira e disse:
-Olha, se um dia eu cair neste conselho, por favor me apliquem a seguinte pena: seis meses sem vir às sessões, com salário. Isso não é pena, são férias!


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