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Atos secretos esconderam aliados de Demóstenes
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois atos secretos foram usados para esconder uma nomeação e uma exoneração de políticos ligados ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), integrante do "grupo ético" que pede mudanças no Senado e o
afastamento do presidente José Sarney (PMDB-AP). A mudança ocorreu em um órgão do
Senado, o Interlegis, e contou
com a ajuda do senador Efraim
Morais (DEM-PB).
No dia 2 janeiro de 2007, o
vereador de Bela Vista de Goiás
Eliézer Borges (DEM) foi exonerado de um cargo de técnico
administrativo no Interlegis,
que promove integração entre
legislativos do país. A vaga dá
direito a um salário mensal de
R$ 7.484,43.
No mesmo dia, foi nomeado
para o lugar de Eliézer o ex-vereador João Vanderlei de Ávila
(PSDB). Os atos constam no
boletim administrativo suplementar 3632-S2. Assinado em
2007, o documento só veio a
público em maio deste ano. Os
atos secretos foram assinados
pelo então presidente da Casa
Renan Calheiros (PMDB-AL).
Demóstenes negou que tenha pedido os cargos a Renan.
"Só falei com o Efraim. Tenho
como provar que os dois trabalhavam. Não sou responsável
por publicação de atos."
A Folha apurou que Eliézer
pediu licença para trabalhar na
campanha de Demóstenes ao
governo de Goiás em 2006. O
senador nega. Eliézer ficou no
Interlegis de março de 2006 a
janeiro de 2007. A corrida eleitoral foi entre julho e outubro.
Eliézer disse que atuou na
campanha só nos fins de semana. Ele nunca teve residência
fixa em Brasília. "Fui indicado
pelo senador Demóstenes. Ficava em alguns hotéis, no apartamento do senador Demóstenes." João Vanderlei não quis
comentar.
O diretor do Interlegis, Márcio Sampaio, afirmou que não
conhece nem João Vanderlei
nem Eliézer Borges. A assessoria de Demóstenes, porém, diz
ter fotografias mostrando os
dois em eventos no Interlegis.
Demóstenes pediu a Efraim
contratação dos aliados porque
ele era, à época, o primeiro-secretário do Senado. "Sim, ele
me pediu. O pessoal dele fez
um trabalho na área de informática", disse Efraim, que também já foi acusado de usar o Interlegis para nomear aliados.
O caso mais emblemático
motivou a abertura de ação civil pública do Ministério Público Federal no Distrito Federal.
Em caráter provisório, a Justiça Federal proibiu nomeações
para cargos comissionados,
mas não obrigou que os atuais
funcionários fossem exonerados. De acordo com o Portal da
Transparência do Senado, o Interlegis ainda mantém 13 funcionários comissionados.
(ADRIANO CEOLIN)
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