São Paulo, sábado, 11 de julho de 2009

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Atos secretos esconderam aliados de Demóstenes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois atos secretos foram usados para esconder uma nomeação e uma exoneração de políticos ligados ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), integrante do "grupo ético" que pede mudanças no Senado e o afastamento do presidente José Sarney (PMDB-AP). A mudança ocorreu em um órgão do Senado, o Interlegis, e contou com a ajuda do senador Efraim Morais (DEM-PB).
No dia 2 janeiro de 2007, o vereador de Bela Vista de Goiás Eliézer Borges (DEM) foi exonerado de um cargo de técnico administrativo no Interlegis, que promove integração entre legislativos do país. A vaga dá direito a um salário mensal de R$ 7.484,43.
No mesmo dia, foi nomeado para o lugar de Eliézer o ex-vereador João Vanderlei de Ávila (PSDB). Os atos constam no boletim administrativo suplementar 3632-S2. Assinado em 2007, o documento só veio a público em maio deste ano. Os atos secretos foram assinados pelo então presidente da Casa Renan Calheiros (PMDB-AL).
Demóstenes negou que tenha pedido os cargos a Renan. "Só falei com o Efraim. Tenho como provar que os dois trabalhavam. Não sou responsável por publicação de atos."
A Folha apurou que Eliézer pediu licença para trabalhar na campanha de Demóstenes ao governo de Goiás em 2006. O senador nega. Eliézer ficou no Interlegis de março de 2006 a janeiro de 2007. A corrida eleitoral foi entre julho e outubro.
Eliézer disse que atuou na campanha só nos fins de semana. Ele nunca teve residência fixa em Brasília. "Fui indicado pelo senador Demóstenes. Ficava em alguns hotéis, no apartamento do senador Demóstenes." João Vanderlei não quis comentar.
O diretor do Interlegis, Márcio Sampaio, afirmou que não conhece nem João Vanderlei nem Eliézer Borges. A assessoria de Demóstenes, porém, diz ter fotografias mostrando os dois em eventos no Interlegis.
Demóstenes pediu a Efraim contratação dos aliados porque ele era, à época, o primeiro-secretário do Senado. "Sim, ele me pediu. O pessoal dele fez um trabalho na área de informática", disse Efraim, que também já foi acusado de usar o Interlegis para nomear aliados.
O caso mais emblemático motivou a abertura de ação civil pública do Ministério Público Federal no Distrito Federal. Em caráter provisório, a Justiça Federal proibiu nomeações para cargos comissionados, mas não obrigou que os atuais funcionários fossem exonerados. De acordo com o Portal da Transparência do Senado, o Interlegis ainda mantém 13 funcionários comissionados. (ADRIANO CEOLIN)


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