São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998

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SUCESSÃO

Candidato do PT diz que barateamento do crediário é bom, mas no momento é apenas demagogia de FHC


Para Lula, redução do IOF é "chantagem'

Mauro Frassoni/"Folha do Paraná"
Luiz inácio Lula da Silva (PT) e Leonel Brizola (PDT) participam de uma caminhada pelo centro de Curitiba


CARLOS EDUARDO ALVES
enviado especial a Curitiba


Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou ontem em Curitiba a decisão do governo de reduzir o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) das pessoas físicas, o que vai diminuir o custo do crediário. "É uma chantagem eleitoral", afirmou Lula.
O petista entende que a redução do IOF e a possibilidade de isentar os produtos da cesta básica do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) caracterizam a intenção governamental de ganhar a eleição de outubro a qualquer custo.
"Nas vésperas da eleição, o governo toma medidas que não tomou antes e o povo não vai acreditar nisso", declarou Lula, que ressalvou, no entanto, a importância de a cesta básica pesar menos no orçamento da população.
Para exemplificar a prática "demagógica" que enxerga nas atitudes do presidente Fernando Henrique Cardoso, o candidato petista citou o recém-anunciado programa de incentivo à habitação.
"Todo mundo sabe que não vai se construir um único alicerce nos próximos 90 dias", disse o candidato.
Lula esteve em Curitiba para uma reunião com cerca de 250 sindicalistas. Pediu o engajamento dos presentes a sua campanha.
A solicitação era dispensável, já que a platéia era formada por militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o braço sindical do PT.
"Já disse para o Vicentinho que a única pauta dos próximos três meses é a eleição, a explicação das questões nacionais", afirmou o candidato, reportando conversa que teve com Vicente Paulo da Silva, o presidente da CUT.
A campanha petista, espremida pela falta de organização e pelo cofre pequeno, vai contar também com o MST. Ontem, Lula anunciou que vai participar de algumas marchas que os sem-terra estão planejando para reforçar a sua candidatura.
'"Acompanho os sem-terra desde 85 e estarei presente em algumas marchas", disse Lula. Brincando, o candidato tentou, ao mesmo tempo, "carimbar" em sua testa a qualidade de negociador e negar que o país viverá o caos, caso vença a disputa presidencial.
"Vamos conversar tanto com os sem-terra que eles não terão tempo para fazer ocupações", disse, em tom de brincadeira.

Debates
Lula não se conforma com a já anunciada ausência de FHC nos debates previstos para antes do primeiro turno da eleição. "Nós vamos exigir a presença dele (FHC) na arena para lutar. Ele tem que se despir do mandato e ir em igualdade de condições para discutir", disse.
O candidato petista não foi claro se irá a debates sem a presença do atual presidente da República.
Mais uma vez, Lula insinuou que as privatizações da Vale do Rio Doce, da Telebrás e da Light "têm cheiro de maracutaia".
Como já existe a análise da cúpula petista sobre a desvantagem de trocar a abordagem do desemprego pela privatização, Lula acrescentou que "privatização não será a questão de fundo da campanha".
Depois de falar aos sindicalistas e de ser entrevistado por jornalistas, Lula participou de uma caminhada pelo centro de Curitiba, ladeado por Leonel Brizola (PDT, candidato a vice-presidente) e Roberto Requião, o peemedebista que concorre ao governo do Paraná com o apoio do PT.
Cerca de 500 pessoas participaram do ato, encerrado na "Boca Maldita", tradicional ponto no centro curitibano.



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