São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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PAINEL

Borracha
Entre as idéias do governo para fulminar a CPI do Banestado, há uma discutida desde a transição FHC-Lula: anistiar quem remeteu dinheiro para o exterior de forma irregular até 2002, ano da eleição do petista.

Nobre propósito
A proposta de anistia foi retomada sob o argumento de que ela permitiria repatriar parte dos US$ 120 bi que se imagina depositados fora do país. Mas, no governo e no PT, há quem tema o custo político da iniciativa.

Gradual e restrita
A anistia seria limitada a determinada quantia e excluiria dinheiro do crime organizado. A triagem seria feita pela Receita.

Ordem na casa
O Senado cogita consultar o Supremo sobre a extensão do poder das CPIs para quebrar sigilos. Em seguida, regulamentaria o assunto em seu regimento.

Fio desencapado
No entender de José Sarney, a tentativa petista de levar FHC à CPI do Banestado foi um gesto "totalmente injustificado", que "deixará seqüelas" no ambiente já conflagrado da Casa. Para o presidente, só com muita conversa será possível evitar "guerra aberta" na sessão de hoje.

Cachê celebridade
Do senador tucano Arthur Virgílio, em resposta ao franco-atirador que ameaçou convocar FHC: "O Fernando Henrique só vem se pagarem. Tem de pedir dinheiro ao Delúbio Soares". O ex-presidente vive de palestras (muito bem) remuneradas.

Ilha de prosperidade
Do peemedebista Geddel Vieira Lima sobre José Genoino, segundo quem "ninguém no PT virou rico": "Como disse Lula, é preciso ver o lado bom de tudo. O espetáculo do crescimento começou em Buriti Alegre". Trata-se da cidade onde a família do tesoureiro Delúbio Soares comprou terras com dinheiro vivo.

Botão vermelho
Já se sabe por que a questão patrimonial de Paulo Maluf foi providencialmente esquecida no debate da Band. O ex-prefeito fez chegar a pelo menos um candidato a informação de que guardava, em pasta ao alcance das mãos, farto material sobre a vida pessoal de adversários.

Convencimento
No subterrâneo da campanha paulistana não há mais dúvida: dos três principais candidatos, Paulo Maluf (PP) é o que sensibiliza, com seus argumentos, a Doutora Havanir (Prona).

Esperar sentado
Nada indica que Campos Machado vá liderar, como gostariam os tucanos, uma dissidência do PTB em favor de José Serra. Principal nome do partido em São Paulo, ele promete, no máximo, não subir no palanque de Marta Suplicy (PT). Por ora.

Sem fundos
A Ex Libris, empresa de comunicação que deixou a campanha de Luiza Erundina (PSB), estava sem receber havia dois meses.

Fora da fita
Embora integrante da esquerda petista, o ministro Olívio Dutra recusou-se a gravar vídeo para Luizianne Lins, que concorre em Fortaleza à revelia do comando partidário. A colega Marina Silva foi mais solidária.

Palco iluminado
A falta de dinheiro alegada por algumas campanhas não chegou ao mercado de shows. Quem tenta contratar astros como Zezé Di Camargo e Luciano, Rio Negro e Solimões ou Leonardo se assusta com os preços.

Pacto do aço
Siderúrgicas do norte do país assinam na sexta-feira carta-compromisso pela erradicação do trabalho escravo na produção de carvão vegetal. A Vale do Rio Doce encabeça a lista.

TIROTEIO

Do jornalista e deputado Fernando Gabeira, atualmente sem partido, sobre a proposta governamental de instituir um conselho encarregado de "orientar" o trabalho da imprensa:
-Tenho 45 anos de profissão. Cobri guerras e entrevistei todo tipo de gente. Gostaria muito de saber em que os conselheiros do PT poderão me orientar.

CONTRAPONTO

Você não me viu

Impedido pela Lei Eleitoral de participar de inaugurações, o prefeito Edinho Araújo (PPS), candidato à reeleição em São José do Rio Preto, foi no sábado ao aeroporto receber Nagashi Furukawa, secretário da Administração Penitenciária do governo paulista. Ele chegava à cidade, no norte do Estado, para inaugurar um presídio feminino.
No saguão, o prefeito foi abordado pelo deputado tucano Aloysio Nunes (PSDB):
-Edinho, você sabia que saiu uma decisão liminar do Supremo proibindo atos preparatórios de campanha? O simples fato de você estar no aeroporto pode caracterizar crime eleitoral. Não é verdade, Nagashi?
A seu lado, o secretário entrou na brincadeira e confirmou, em tom sisudo, a versão do ex-ministro da Justiça de FHC.
Assustado, o prefeito foi imediatamente embora do aeroporto, deixando o visitante na mão.


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