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Direção da Fenaj defende o projeto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dois diretores da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas)
defenderam ontem no Congresso
Nacional a criação do Conselho
Federal de Jornalismo e disseram
que as opiniões contrárias são
fruto de um "massacre" promovido pela mídia, que estaria "desinformando" a sociedade sobre o
projeto.
O vice-presidente da entidade,
Fred Ghedini -também presidente do Sindicato dos Jornalistas
de São Paulo-, e o 1º secretário,
Aloísio Lopes -presidente do
Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais-, negaram que o órgão esteja defendendo os interesses do governo e acusaram os donos dos grandes jornais de serem
contrários ao projeto por não
quererem interferência em suas
ações. Os dois dirigentes são filiados ao PT.
"Estamos sendo massacrados
pela mídia. Denunciamos esse
massacre que, em última análise,
massacra a própria ética da profissão", disse Ghedini, 52, afirmando que das 61 primeiras reportagens sobre o assunto, apenas uma teria sido favorável à
criação do conselho.
"A imprensa ignora essa discussão, que é feita pelos jornalistas há
20 anos. (...) É capcioso usar um
momento específico de dificuldade do governo para dizer que ele
quer controlar a mídia. Isso é desinformação", afirmou o dirigente, acrescentando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apenas
incorporou o pedido da entidade
para a apresentação da proposta.
Ghedini, que trabalha atualmente para uma empresa que publica impressos na área de informação da tecnologia, disse já ter
trabalhado em pequenos jornais,
no "Jornal da Tarde" e na "Agência Folha".
Segundo ele, boa parte da polêmica se deve aos donos de jornais.
"A cadeia de mando dos grandes
jornais não quer ninguém interferindo no seu modo de agir", afirmou.
O projeto de lei para a criação
do conselho chegou anteontem à
Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, João Paulo Cunha
(PT-SP), afirmou que sua tramitação será lenta, como forma de
haver a maior discussão possível,
o que empurraria a votação para o
ano que vem.
"Vamos discutir com muita
cautela, se tiver qualquer risco à liberdade de imprensa, de censura,
não vai prosperar aqui na Câmara. Agora, a Casa é preocupada
com a regulamentação das profissões de forma genérica, inclusive
a dos jornalistas", disse o deputado. Em algumas ocasiões, João
Paulo tem criticado a imprensa
em relação à cobertura jornalística do Congresso. Em linhas gerais, ele reclama que a mídia não
noticia as coisas boas que o Legislativo faz.
Em contrapeso à posição da Fenaj, políticos de oposição e entidades como a ABI (Associação
Brasileira de Imprensa) e a AMB
(Associação dos Magistrados Brasileiros) são contrárias à criação
do conselho por afirmarem que
ele poderá representar cerceamento da atividade jornalística.
"O objetivo do conselho será
conferir o registro profissional,
fiscalizar o exercício ético da profissão e acompanhar a formação
do futuro profissional", rebateu o
vice-presidente da Fenaj.
Os dirigentes negaram que a entidade seja influenciada pelo PT,
mas fizeram referências elogiosas
a Lula: "O Lula tem uma concepção de cidadania, de democracia
que coincide com o pensamento
daqueles que querem uma imprensa livre e democrática", afirmou Ghedini.
(RANIER BRAGON)
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