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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/O PRESIDENTE
Comissão investiga suposto elo entre pagamento e esquema operado por Marcos Valério
CPI suspeita de versão e quer quebrar sigilos de Okamotto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A versão apresentada pelo PT
sobre o pagamento da dívida do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o partido, de que ela teria
sido paga pelo presidente do Sebrae, Paulo Okamotto -confirmada pelo próprio Okamotto-
não convenceu parlamentares da
CPI dos Correios. Os deputados
querem investigar se a história foi
montada com o objetivo de ocultar possível ligação entre os pagamentos e o esquema de caixa dois
no partido criado com apoio do
publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza.
A CPI deverá analisar hoje três
requerimentos apresentados pelos deputados Ônyx Lorenzoni
(PFL-RS) e ACM Neto (PFL-BA),
que pedem a tomada de depoimento e a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Okamotto. Os parlamentares também
querem que Okamotto, que foi tesoureiro da campanha de Lula à
Presidência em 1989, explique a
origem dos recursos e apresente
os comprovantes de que entregou
o dinheiro ao PT.
"Okamotto não convence. Vamos ter de averiguar todas as possibilidades, inclusive a de que a
origem do pagamento tenha sido
movimentações feitas pelo sr.
Marcos Valério com dirigentes do
partido", disse ACM Neto.
"Levaram quase um mês para
encontrar alguém [Okamotto]
que assumisse a responsabilidade. Temos informações de que a
versão foi combinada de última
hora", afirmou Lorenzoni, fazendo referência à viagem de Lula ao
Nordeste na semana passada.
Okamotto acompanhou Lula na
viagem. Em Canto do Buriti, no
Piauí, ele disse à Folha que não se
lembrava de ter sido tesoureiro do
PT. Depois voltou atrás e disse
que na sua época o dinheiro que
circulava no partido era menor.
"Chama a atenção a dificuldade
do governo de explicar algo aparentemente simples", cobrou o
senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O senador Aloizio Mercadante
(PT-SP), líder do governo no Senado, foi à tribuna para acusar a
oposição de tentar transformar
Lula em alvo. "É justo que a gente
discuta as coisas dessa forma?
Não acho justo. Vamos manter a
estatura política do debate."
Fora da tribuna, Mercadante
voltou a negar que Lula tenha
mantido dívida com o PT. "Não
há empréstimo. Ele [Okamotto]
tentou resolver, quem fez trapalhada foi o Delúbio", disse.
À CPI dos Correios, Delúbio
Soares confirmou a prática de
empréstimos. Indagado pelo deputado Ônyx Lorenzoni sobre os
valores atribuídos na prestação de
contas do TSE a Lula (R$ 29 mil),
José Dirceu (R$ 14 mil) e o próprio Mercadante (R$ 3.700), Delúbio afirmou: "No Partido dos
Trabalhadores, os seus dirigentes,
ex-dirigentes, funcionários usam
essa prática de fazer empréstimo e
depois ressarcir sem juros".
Mercadante atribuiu sua dívida
a gastos em viagens que realizou
para representação do partido no
exterior.
(MS e RV)
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