THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Beneficiário de recursos das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza na campanha eleitoral de 1998, o deputado estadual Chico Rafael (PMDB) disse ontem que tratou do repasse do dinheiro com o senador Eduardo Azeredo (PSDB), então governador de Minas e candidato à reeleição.
Rafael disse ainda que o pedido foi feito a Azeredo e ao seu então candidato a vice do PFL, Clésio Andrade (PL), atual vice-governador de Minas. Posteriormente, afirmou o deputado, a transferência foi acertada com Cláudio Mourão, tesoureiro da campanha tucana em 98, que informou que seriam liberados R$ 90 mil.
O deputado disse que o dinheiro cobriu despesas de campanha dele e de Azeredo em sua base eleitoral, o sul de Minas.
Na lista entregue por Valério anteontem à CPI do Mensalão, Chico Rafael aparece como beneficiário de R$ 45 mil -R$ 15 mil em seu nome e R$ 30 mil no de seu irmão Luciano Claret Gonçalves. O fato de Rafel ter dito que recebeu R$ 90 mil indica que os valores repassados pelo PSDB via Valério podem ter sido maiores.
O deputado estadual Márcio Kangussu (PPS) também afirmou ter recebido R$ 25 mil do PSDB via Valério em 1998. Com isso, é de pelo menos 12 o número de políticos mineiros da lista que exercem mandatos. Kangussu disse que o dinheiro cobriu despesas do apoio a Azeredo no 2º turno.
Outros beneficiários da lista informaram que o dinheiro foi destinado a campanha de Azeredo. São eles: deputado federal Romel Anízio (PP), deputada estadual Maria Olívia (PSDB), secretário de Ciência e Tecnologia de Minas e deputado estadual licenciado Bilac Pinto (PFL) e o presidente da Epamig (estatal de pesquisa agropecuária), Baldonedo Napoleão, que concorreu a deputado estadual em 1998 pelo PSDB.
Candidato a deputado estadual pelo PFL em 1998, o secretário de Saúde de Ipatinga, Renato Fraga, disse que os R$ 12,5 mil que recebeu foram solicitados a Clésio Andrade e cobriram despesas de sua campanha à Assembléia.
Além de Fraga e Napoleão, figuram na lista pelo menos seis candidatos a deputado estadual em 1998 que não se elegeram: Rui Resende (PSD), Afonso Celso Dias (PDT), Francisco Ramalho (PSDB), Arnaldo Penna (PSDB), Antônio Milton Salles (PPS) e José Pinto Resende Filho (PSC).
Outros dois nomes - Jaldo Retes Dolabela e Naylor Vilela- disseram à Folha que trabalharam na campanha de Azeredo de 1998. Nelson Antônio Prata, também na lista, disse que naquele ano trabalhava para o PDT e "pode ter recebido" o dinheiro para a campanha de Azeredo.


Texto Anterior: Outro lado: Tucano reafirma que desconhecia operação da DNA
Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Hora das provas: Câmara instala processo para cassar Dirceu
Índice