|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PT X PT
Presidente da sigla critica intimidade entre instituições e promete relações mais formais
PT era um ministério sem pasta no governo, diz Tarso
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com críticas cada vez mais fortes à antiga direção do PT, o presidente nacional do partido, Tarso
Genro, disse ontem que o PT era
"quase uma extensão do governo" e que funcionava "como uma
espécie de ministério sem pasta",
tamanha a informalidade das ligações existentes entre o partido e
o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao deixar o Palácio do Planalto,
onde se reuniu com o ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais), Tarso prometeu, em tom
de campanha, que a partir de agora as relações entre PT e governo
federal serão feitas "por instâncias
elevadas", de forma institucional
e com formalidade.
"O partido tinha sido, pelo menos até há algum tempo, praticamente uma extensão do governo;
funcionava como uma espécie de
ministério sem pasta", afirmou o
presidente do PT.
Ao reprovar a influência que
pessoas do partido tinham nas
decisões de governo, anunciou:
"Agora, as relações serão feitas
por instâncias elevadas do partido. Quanto à relação de grupo, de
personalidade, de indivíduos, é
por conta deste indivíduo; não estabelece mais nenhum compromisso do partido com o governo".
Tarso, que deixou o Ministério
da Educação há menos de um
mês para assumir a presidência
do partido no lugar de José Genoino, que renunciou, concordou
que a atual crise política está vinculada a um excesso de intimidade entre o PT e o governo. "Quanto mais informais são as relações
entre instituições, menos elas são
previsíveis e conhecidas, tanto internamente no governo como no
partido", afirmou Tarso.
Dirceu
O novo presidente do PT vem
aumentando suas críticas à direção anterior do partido, na qual o
ex-ministro da Casa Civil José
Dirceu, que reassumiu seu posto
de deputado federal, exercia grande influência.
A interferência de Dirceu nas
decisões da legenda e a sua atuação nos bastidores têm incomodado Tarso, que tem cogitado a
hipótese de não concorrer às eleições para presidência do PT.
Em reunião fechada na terça-feira com a bancada, Tarso foi duro com seus antecessores e disse
que o partido foi "contemplativo"
em relação ao governo.
Ontem, falou que a falta de uma
ligação formal reduziu a capacidade do partido de contribuir
com o governo. A informalidade,
segundo Tarso, fez com que o PT
deixasse de funcionar "nas suas
instâncias regulares", deixando os
contatos apenas "entre pessoas".
"Se as relações não se dão entre
instâncias formais, essas relações
ou se dissolvem ou se derivam para interesses que nem sempre são
interesses partidários legítimos,
nem sempre interesses públicos",
criticou o presidente do PT.
Viagens e crise
Tarso aproveitou para elogiar a
forma como o presidente Lula
vem reagindo à crise -em especial seu contato com a população
em viagens. "É importante o que
o presidente vem fazendo, se
reencontrando com suas bases,
isso faz parte da democracia, é
bom para o país."
A saída para a crise, segundo
Tarso, é uma ampla negociação
política, a partir "da energia que
vem da sociedade". "Essa negociação não pode implicar, em nenhuma hipótese, nenhum tipo de
impunidade, de relevo de condutas irregulares ou ilegais."
Texto Anterior: Não saio de casa, diz mulher de Valério Próximo Texto: Hora das provas: Mulher de João Paulo explica saque Índice
|