São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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Painel

Renata Lo Prete - painel@uol.com.br

Organograma

O PT respira aliviado depois da aprovação do relatório da primeira fase da CPI dos Sanguessugas. Aconteça o que acontecer à senadora Serys e a seu genro, o partido viu adiado para depois das eleições o problema que de fato lhe tira o sono: José Airton Cirilo.
Acusado pelos Vedoin de ter operado com a máfia das ambulâncias dentro da Saúde, o dirigente é considerado fator de risco não apenas para a candidatura do ex-ministro Humberto Costa ao governo de Pernambuco, mas, principalmente, para o PT nacional. Sem prejuízo de sua intensa atividade no ministério, Cirilo nunca foi homem de confiança de Costa -à diferença do chefe-de-gabinete Antonio Alves de Souza. Mas de Delúbio Soares Cirilo foi muito próximo.

Padrão. O PT repetiu ontem erro cometido ao longo da CPI: embora o relatório passe ao largo dos ex-ministros da Saúde, Henrique Fontana fez questão de dizer que a comissão tem de investigar o governo anterior. Assim, levou o Executivo de novo à ribalta.

Fui! Nem bem acabou a votação do relatório, parlamentares da CPI se despediam: "Te vejo depois da eleição!". O presidente, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), ameaçou convocar sessão para a semana que vem. Ninguém ouviu.

Wally. Vários senadores procuraram Renan Calheiros (PMDB-AL) ontem para sondá-lo sobre o ritmo que pretende imprimir às investigações. Mas o presidente viajou antes da leitura do relatório.

Causa própria. Dois dos senadores acusados pela CPI estão no Conselho de Ética da Casa: Ney Suassuna (PMDB-PB) é titular, e Serys Slhessarenko (PT-MT), suplente.

Ponto morto. Começou em novembro passado a investigação do Conselho de Ética do Senado sobre Geraldo Mesquita (PMDB-AC), acusado de reter parte do salário dos assessores. O caso dorme. Nem as quebras de sigilo foram providenciadas.

Desespero. Sobrevivente do mensalão agora na lista dos sanguessugas, o deputado Pedro Henry (PP-MT) tem ligado para correligionários ameaçando listar todos os beneficiados pelo valerioduto.

Não e não. Avaliação da campanha de Geraldo Alckmin: independentemente de respostas melhores ou piores, o fato é que Lula passou os 11 minutos e pouco de sua entrevista ao "Jornal Nacional" negando, negando e negando.

Azedou. Quem esteve com Lula ao longo do dia de ontem conta que o presidente estava relaxado e de bom humor, sem sugerir nervosismo diante da aproximação da entrevista ao "JN". No entanto, quando ela começou, seu rosto aparentava o contrário.

Cenografia. A Rede Globo chegou a sugerir que a entrevista fosse feita em outro local do Palácio da Alvorada, mas a assessoria de Lula insistiu na biblioteca, considerada adequadamente "presidencial".

Dois em um. Na próxima quinta, Lula terá nova oportunidade para se sentir confuso entre as condições de presidente e candidato. De dia, vistoria as obras da BR-101 em Santa Catarina. À noite, faz comício em Criciúma. O PT local organiza as agendas.

Bis. Lula voltará a SP na semana que vem para nova visita à periferia da capital. E Alckmin retornará na quarta a Minas, do recordista de intenções de voto Aécio Neves, para comício perto de BH.

Embaixada. Um dia depois de criticar a comunicação de Alckmin, o presidente do PSDB, Tasso Jeireissati, visitou ontem o "Projac" tucano em São Paulo, sob o comando do jornalista Luiz Gonzalez.

Visita à Folha. Eduardo Cesar Silveira Vita Marchi, diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, visitou ontem a Folha.

Tiroteio

"Geraldo Alckmin está precisando mesmo é de um bom pacote de votos."


Do secretário de Organização do PT, ROMÊNIO PEREIRA, sobre o lançamento de um "pacote ético" pela aliança PSDB-PFL logo depois de pesquisas que detectaram a ampliação da vantagem de Lula.

Contraponto

Agenda positiva

Ao assumir o governo de Minas Gerais, em 1983, Tancredo Neves (1910-1985) recebeu de seu secretário do Planejamento, Ronaldo Costa Couto, a notícia de que teria de demitir 22 mil servidores. Ele acatou a sugestão, mas, em contrapartida, determinou a contratação de outros mil.
No dia seguinte, a imprensa local destacou em manchete o "trem da alegria" patrocinado pela nova administração. Couto, então, procurou o governador para acertar a imediata divulgação de um desmentido.
-Calma, Ronaldo, fui eu que dei a informação ao jornal.
Diante do incrédulo secretário, Tancredo explicou:
-Mineiro tem horror a demissão. Gosta é de nomeação!


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