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Justiça investiga frigorífico do caso Renan
Mafrial, abatedouro de Alagoas que intermediava compra de gado com o presidente do Senado, teve seus sigilos quebrados
Negócios de outros cinco frigoríficos também serão fiscalizados; segundo procurador-geral do Estado, há operações suspeitas
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça de Alagoas determinou a quebra do sigilo fiscal,
tributário e bancário de seis
abatedouros de gado do Estado,
entre eles o Mafrial, que foi citado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), como intermediário da
venda de gado de suas fazendas.
O procurador-geral do Estado, Mário Jorge Uchôa, disse
que a quebra dos sigilos foi pedida depois que a fiscalização
da Secretaria da Fazenda encontrou indícios de irregularidades em empresas de comercialização de carne no Estado.
"Pelas notícias divulgadas
nacionalmente, o governo do
Estado mandou levantar como
estava o comércio de bois. Foi
constatada uma forte suspeita
de que algumas empresas estavam sendo utilizadas para determinadas operações", disse
Uchôa. Segundo o procurador-geral, a Secretaria da Fazenda
ainda não tem detalhes dessas
operações irregulares.
Ontem, a secretaria não comentou o pedido de quebra dos
sigilos. A secretária da Fazenda
de Alagoas, Fernanda Vilela, é
irmã do governador Teotonio
Vilela (PSDB), aliado de Renan.
Reportagens mostraram que
açougues inicialmente apontados por Renan como compradores do gado de suas fazendas
não existiam ou atuavam de
forma precária. Em uma nova
versão, o senador disse que o
Mafrial intermediava a compra
do gado de suas propriedades.
O STF (Supremo Tribunal
Federal) e o Conselho de Ética
do Senado investigam a origem
do dinheiro usado por Renan
para pagar uma pensão mensal
de R$ 12 mil à jornalista Mônica Veloso, mãe de sua filha.
Há suspeita de que a pensão
tenha sido paga por um lobista
de uma construtora. Renan justificou seus rendimentos com
recibos da venda de gado. Os
documentos, analisados pela
Polícia Federal a pedido do Senado, revelam inconsistências
da defesa de Renan.
A quebra dos sigilos abrange
os últimos cinco anos e foi dada
pela juíza Ester Manso, da 16ª
Vara da Fazenda de Maceió.
O material não foi analisado,
mas o diretor de fiscalização a
estabelecimentos da Secretaria
da Fazenda, Marcelo Machado,
disse que parte do setor atua na
informalidade e empresas sem
registro atuam como intermediárias na produção de carne.
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