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Juíza nega pedido de afastamento de Yeda no RS
Segundo magistrada, governadora tucana não pode "afetar negativamente" a ação
Para a Procuradoria, a tucana recebia dinheiro do Detran; ela nega ter sido beneficiária de propina por permitir desvio de recursos
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A juíza federal de Santa Maria (RS), Simone Barbisan Fortes, rejeitou ontem o pedido
feito pelo Ministério Público
Federal para afastar do cargo a
governadora do Rio Grande do
Sul, Yeda Crusius (PSDB).
A tucana e outras oito pessoas são alvo de denúncia de
improbidade administrativa
por suspeitas de terem se beneficiado da fraude de R$ 44 milhões do Detran-RS. No despacho divulgado ontem à noite, a
juíza afirmou que, como a fraude foi interrompida em 2007,
Yeda não poderá "afetar negativamente" a ação.
"Caso a ação fizesse referência a fatos atuais, aí sim poderia
haver certo prejuízo para instrução em caso de manutenção
dos agentes públicos envolvidos em suas funções, dada a
possibilidade de sua influência
em situações ainda não definidas", escreveu a juíza.
A juíza também afirma que
em virtude da complexidade da
ação-a denúncia tem mais de
1.200 páginas- "fica difícil aferir, de plano, a suficiência de
elementos que levem a concluir
pela necessidade de afastamento da governadora do Estado".
O afastamento em caráter liminar foi um dos pedidos feitos
pelos procuradores, quando
protocolaram a denúncia na última semana. A juíza ainda não
julgou o mérito das acusações.
Propina
Com base em gravações de
conversas de dois ex-aliados da
governadora, o Ministério Público Federal afirmou que a tucana foi beneficiária de propina
para permitir o desvio de dinheiro na fraude do Detran-RS.
Segundo a Procuradoria, o
superfaturamento dos preços
da avaliação dos candidatos a
motorista permitiu à "organização criminosa" desviar R$ 44
milhões do Detran entre 2003
e 2007. Em novembro de 2007,
o desvio veio à tona e 14 pessoas
foram presas na Operação Rodin, da Polícia Federal.
Na denúncia, a Procuradoria
se vale de gravações de diálogos
entre o empresário Lair Ferst,
acusado de ser o pivô da fraude,
e o ex-chefe do escritório do governo gaúcho no DF Marcelo
Cavalcante. No diálogo, Ferst
diz a Cavalcante que Yeda passou a receber R$ 170 mil mensais por meio de servidores públicos de sua confiança.
Afirmando ter recebido a informação do ex-presidente do
Detran-RS Flávio Vaz Netto,
Ferst diz que a primeira mesada chegou à governadora após
ser entregue à assessora direta
de Yeda, Walna Vilarins Menezes. O pagamento, segundo
Ferst disse ontem à Folha,
ocorreu em julho de 2007.
A Procuradoria enviou também à Procuradoria Geral da
República indícios de envolvimento de autoridades na fraude para a análise da ocorrência
de crime. A denúncia elevou a
temperatura política da crise.
Aliados e opositores da tucana
aprovaram a abertura de CPI
na Assembleia Legislativa para
apurar a suposta corrupção.
Nem Yeda nem assessores
do governo gaúcho comentaram as acusações. Advogado de
Yeda, Fábio Medina Osório negou a suposta mesada com verba do Detran para a governadora e chamou de "inquisitorial"
a ação do Ministério Público.
Para ele, as gravações de conversas entre Ferst e Cavalcante
são "viciadas" e não servem como prova contra Yeda. Osório
afirmou que vai ingressar hoje
com uma representação no
Conselho Nacional do Ministério Público contra os procuradores responsáveis pela ação.
Walna Vilarins também negou a existência da mesada.
Seu advogado, Norberto Flach,
disse que os áudios podem ter
sido forjados para beneficiar
Ferst, que responde a processo
criminal, num eventual acordo
de delação premiada. O advogado de Flávio Vaz Netto, Paulo Oliveira, também negou que
o cliente conhecesse a propina.
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