São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2001

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PAINEL

Abandonado no altar
Brizola considera que a permanência de Itamar no PMDB o desobriga de apoiá-lo em 2002. Ontem mesmo o pedetista procurou o PPS e avisou o partido de que estará com Ciro Gomes na sucessão presidencial se o governador mineiro confirmar que não se filiará mais ao PDT.

Fogueira das vaidades
Brizola não vê nenhuma chance de o PMDB permitir que Itamar dispute a eleição presidencial -apesar da promessa de prévias. "O PMDB pode cozinhar Itamar até janeiro. Mas nós não vamos ser cozinhados juntos", diz um brizolista.

Só discurso
Itamar disse a aliados que acredita na possibilidade de vencer as prévias do PMDB, a serem realizadas em janeiro. E que pretende continuar conversando com o PL e com o PDT para o caso de viabilizar sua candidatura presidencial.

Uma mão lava a outra
O PMDB tem usado a CPI do Proer para negociar com o Planalto um acordo a fim de salvar o mandato de Jader Barbalho. Em troca do apoio do PSDB e do PFL ao paraense, o partido promete não aprofundar as investigações, comandadas pelo deputado Gustavo Fruet (PMDB).

Cortina de fumaça
A estratégia do PMDB é convencer Jader a renunciar até o fim desta semana à presidência do Senado e convocar imediatamente novas eleições para o cargo. Segundo o partido, a agitação provocada pela disputa abafaria o caso Jader e reduziria o desgaste de sua não-cassação.

Além das fronteiras
Servidores públicos do Brasil e da Argentina fazem amanhã piquetes simultâneos em 15 cidades dos dois países. Uma bandeira -metade brasileira, metade argentina- será o símbolo do ato, que defenderá o reajuste do funcionalismo e a manutenção do ensino público gratuito.

Olhar estrangeiro
O banco norte-americano de investimentos Merrill Lynch elaborou um documento de 32 páginas sobre as eleições brasileiras no qual aponta os prós e os contras de cada um dos pré-candidatos a presidente em 2002.

Redução de risco
Lula, diz o banco, tem uma imagem ética consolidada, e o PT é identificado com a questão social. O programa econômico do PT também é destacado pelo fato de ser hoje "mais moderado". Problemas: Lula não teria experiência administrativa e sua formação escolar seria "fraca".

Urna vazia
Serra é descrito pelo banco como um gestor experiente, mas que vai mal em eleições majoritárias. Tasso é "experiente" e tem boa imagem no Nordeste, mas perdeu seu grande apoiador, Covas. E o outro, ACM, sofreu acusações de fundo ético.

Eterna sombra
Ciro, para o Merrill Lynch, alia uma forte imagem ética a razoável experiência. A semelhança apontada por oponentes entre o seu temperamento e o de Collor e o fato de o PPS ser uma sigla pequena são considerados como pontos negativos de Ciro.

Nunca se sabe
O banco diz que Itamar (PMDB) é experiente e cita o fato de ter implantado o Real. Mas diz que seu suporte partidário é frágil e que ele é "imprevisível".

Técnico do desemprego
Segundo o banco, Malan é identificado com melhorias trazidas pelo Real, tem uma grande formação técnico-administrativa e é preparado em economia. Sua imagem, porém, é associada ao desemprego e aparece distante das questões sociais.

Outro ninho
O ex-senador José Roberto Arruda (ex-PSDB), que renunciou ao mandato no episódio da violação do painel eletrônico, negocia sua filiação ao PTB.

TIROTEIO

Do presidente do PMDB mineiro, Saraiva Felipe, sobre o apoio do senador Pedro Simon (RS) à candidatura de Michel Temer à presidência do partido:
- Depois que o Simon entrou na chapa governista e comemorou a vitória de Temer no palanque, ele virou um franciscano com os pés cheios de barro.

CONTRAPONTO

Turbulência no mandato

No início dos anos 60, o presidente Juscelino Kubitscheck veio a SP a fim de receber o título de cidadão paulistano e voltava a Brasília de avião, acompanhado de um grupo de políticos, no qual estava o deputado federal Nicolau Tuma, um dos líderes da UDN de Carlos Lacerda.
Naquela época, dizia-se que a UDN fazia oposição sistemática com o fim de "derrubar" JK.
Durante os procedimentos de pouso, o presidente cumprimentou um a um os ocupantes do avião. Ao sentar-se, porém, percebeu que se esquecera justamente de Tuma. Não querendo parecer deselegante, JK desafivelou o cinto de segurança e foi à poltrona do deputado. Nesse instante, o avião sofreu uma turbulência, JK se desequilibrou e quase caiu. Quem o amparou foi Tuma, que não perdeu a chance:
- Está vendo, presidente? É a UDN segurando o governo!
JK sorriu meio sem jeito.


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