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SENADOR SOB PRESSÃO
Comissão recomenda processo por quebra de decoro
Tuma diz ter provas contra
Jader no desvio do Banpará
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Romeu Tuma (PFL-SP) afirmou ontem que a comissão criada para investigar denúncias contra o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho
(PMDB-PA), conseguiu provas
de que ele foi beneficiado pelos
desvios de recursos do Banpará
(Banco do Estado do Pará).
A comissão vai apresentar hoje
ao Conselho de Ética relatório final, recomendando abertura de
processo contra Jader por quebra
de decoro. Mas não fará indicação
de pena, embora a Constituição
estabeleça a cassação do mandato
para casos de quebra de decoro.
O presidente do conselho, Geraldo Althoff (PFL-SC), pretende
colocar o relatório em votação até
quinta-feira. Na sexta, ele entregará o cargo ao peemedebista Juvêncio da Fonseca (MS).
Se o relatório for aprovado, irá à
Mesa Diretora do Senado que, se
acolher a proposta, devolverá o
caso ao conselho para o processo
propriamente dito, encerrando o
prazo para que uma eventual renúncia de Jader interrompa o
processo. Caberá ao conselho
propor a pena, que, se for cassação ou suspensão do mandato, terá de ser aprovado no plenário.
A principal acusação que constará do relatório será que Jader
faltou com a verdade ao negar, em
seu depoimento à comissão, ter se
beneficiado dos desvios ocorridos
no Banpará em 1984, quando era
governador do Estado.
Segundo a Folha apurou, o banco Itaú confirmou à comissão
operações bancárias citadas no
relatório do inspetor do Banco
Central Abrahão Patruni Júnior
que foram contestadas por Jader
em seu depoimento. Uma das
operações confirmadas foi a utilização de um cheque de Jader no
valor de Cr$ 93 mil -o que equivale hoje a cerca de R$ 141-, para
complementar o resíduo de uma
aplicação em títulos de renda fixa
na agência 0532 do Itaú, no Jardim Botânico, no Rio.
A maior parte dos recursos usados nessa aplicação era de um
cheque administrativo do Banpará (Cr$ 50 milhões, o que equivale
hoje a R$ 75,9 mil) e de outros
cheques ao portador, cujos emitentes não foram identificados.
Jader rebateu essa conclusão de
Patruni dizendo que o cheque assinado por ele não era do valor total do resíduo a ser coberto. Ficaram faltando Cr$ 87,00 -o que
corresponde hoje a 0,13 centavos.
O Itaú confirmou a técnicos do
BC que estiveram à disposição da
comissão do Senado que essa diferença foi paga em dinheiro.
O relatório será assinado pelos
senadores Tuma e Jefferson Péres
(PDT-AM). O outro integrante da
comissão, João Alberto Souza
(PMDB-MA), disse que não concorda com as conclusões dos colegas e que irá apresentar um voto
em separado. ""Nos autos não encontramos nenhuma prova contra o senador Jader", disse Souza.
Jader será acusado de tentar
obstruir as investigações da comissão por ter retido em seu gabinete por três meses um requerimento do senador José Eduardo
Dutra (PT-SE) que requisitava do
BC todos os relatórios sobre os
desvios do Banpará.
A comissão também acusará Jader de tentar obstruir as investigações de outra denúncia: a de que
ele mentiu ao afirmar ter lançado
em suas declarações de renda a
compra de uma fazenda do empresário José Osmar Borges, considerado um dos maiores fraudados da extinta Sudam. A comissão
não pode comprovar a denúncia,
porque não teve acesso à suposta
declaração, já que ela é protegida
pelo sigilo fiscal. Tuma enviou ofício ao secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, questionando se a operação consta de declarações de Jader.
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