São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2001

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PF pedirá quebra de sigilos de 1998

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DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

A Polícia Federal vai pedir a quebra de sigilos bancário e telefônico no segundo semestre de 1998 do presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), e de seu primo e deputado federal José Priante (PMDB-PA).
Em agosto, Jader teve seus sigilos bancário e fiscal quebrados no inquérito penal sobre a venda de TDAs (Títulos da Dívida Agrária) no período de outubro de 1988 a maio de 1989. Pouco depois, Jader teve o sigilo bancário quebrado no inquérito que investiga os desvios do Banpará no período entre janeiro de 1984 e junho de 1990.
Jader e Priante são investigados pela PF também por tráfico de influência e uso de recursos da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) para financiamento de campanhas eleitorais. Os pedidos, segundo o delegado Hélbio Dias Leite, serão entregues ao STF (Supremo Tribunal Federal) na quinta-feira. Leite dirige as investigações sobre a extinta Sudam.
No mesmo dia, Leite disse que entregará à Comissão de Ética do Senado, que investiga Jader, os seis depoimentos de empresários que afirmaram à PF terem dado propina a Jader, dinheiro também recebido por seu primo, Priante.
Além da quebra de sigilo bancário pessoal de Jader, a PF faz pedido semelhante para o Ranário Touro Gigante, de propriedade da mulher do senador, Márcia Zahlut Centeno, cuja conta bancária teria recebido depósito de seis empresários da região de Altamira (PA), base eleitoral de Jader.
O delegado disse à Agência Folha que, caso sejam confirmados os depoimentos dos empresários beneficiados com financiamentos da Sudam, ficará comprovado que os depósitos feitos nas contas do ranário teriam sido utilizados na campanha de Jader ao governo do Pará, em 1998.
Os pedidos de quebra de sigilo têm período determinado. No caso de Jader, o pedido se aterá ao segundo semestre de 1998. No caso do ranário, será feito em relação aos 24 meses, de 1998 e 1999. No caso de Priante, se limita a 1999 e 2000, segundo Leite.
A decisão do delegado cria mais uma frente de investigação que pode levar à Comissão de Ética do Senado a cassar Jader.
Até agora, a PF não tinha indícios suficientes para formalizar uma investigação ligando Jader ao desvio de parte dos R$ 1,7 bilhão da Sudam nos últimos cinco anos.
"Agora temos indícios suficientes para instaurar o inquérito contra Jader e Priante para apurar possível tráfico de influência e desvio de dinheiro da Sudam para o financiamento eleitoral", afirmou Leite.
Leite solicitará ao STF, além das quebras dos sigilos, autorização para processar Jader e Priante. Em ambos os casos, o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, terá que se manifestar antes que o STF firme juízo sobre o tema.
"Os empresários disseram que, se não pagassem a comissão de 10% ao Priante, eles não teriam o financiamento aprovado pela Sudam", afirmou Leite ao lembrar que Jader e Priante podem ser indiciados também por crimes agravantes como formação de quadrilha e prática de crime organizado.

Outro lado
José Priante foi procurado ontem pela Folha para contar sua versão, mas não foi localizado. O senador Jader se defendeu das acusações dizendo que Priante não possuía nenhuma procuração para cobrar propina em seu nome. "Isso tudo é invencionice das viúvas de Antônio Carlos Magalhães", disse Jader.


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