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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ RUMO A 2006
Presidente estimula o vice José Alencar a ingressar no PSB, partido que deve apoiar eventual candidatura à reeleição, juntamente com o PC do B
Isolado, Lula corteja PMDB e antigos aliados
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em conversas reservadas nos
últimos dias, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva respondeu a
duas indagações fundamentais
para o seu futuro político. Se tiver
condições de ser candidato à reeleição, quais partidos se aliarão a
um PT fragilizado? Na eventualidade de conquistar um segundo
termo, com quais partidos governará, já que sua atual base congressual foi implodida pela crise
do mensalão?
O PSB do deputado federal
Eduardo Campos (PE), neto do
falecido Miguel Arraes, é a principal aposta de Lula para fazer uma
aliança em 2006. O PT se aliaria ao
PSB e ao PC do B, como nas campanhas de 1989, 1994 e 1998.
Em 2002, numa inflexão ao centro, Lula quis uma aliança mais
ampla e emplacou um grande
empresário como candidato a vice-presidente, José Alencar. Já o
PSB, que perdera três eleições
com Lula, tentou a sorte com o ex-governador Anthony Garotinho,
hoje no PMDB.
A governabilidade de um eventual segundo mandato dependeria de um acerto com o PMDB. E,
nesse caso, Lula faria tudo diferente de 2002, quando esnobou o
partido antes de subir a rampa do
Palácio do Planalto. Em 2006, Lula proporia uma aliança formal ao
PMDB para governar, pois só na
hipótese de milagre político acha
possível ter o suporte de peemedebistas à sua reeleição.
Em encontros recentes com
peemedebistas que apóiam o seu
governo, como o presidente do
Senado, Renan Calheiros (AL), o
senador José Sarney (AP), e os
três ministros do partido, Lula
ouviu que a tendência será a legenda apresentar candidato próprio a presidente em 2006.
Nas articulações peemedebistas, surgiu o nome do presidente
do STF (Supremo Tribunal Federal), Nelson Jobim, como um projeto que dependerá do desfecho
da crise política. Há governadores
que desejam se candidatar, como
Germano Rigotto (RS), e o ex-governador Garotinho, que enfrenta
resistência da cúpula.
Ciente da preferência do PMDB
por um projeto próprio, Lula disse aos seus aliados no partido que
estará aberto para um entendimento num eventual segundo
turno e que proporia ao partido
participação imediata e maior no
governo do que já tem hoje.
Um segundo governo Lula teria,
portanto, uma sustentação congressual baseada num vitaminado PSB, num PMDB que continuará a ter bancada expressiva no
Legislativo, num PT pós-crise e
no pequeno e fiel PC do B. Obviamente, o sucesso desse plano dependerá de Lula recuperar cacife,
o que passará por um bom desempenho da economia em 2006
e por um desfecho da crise política que não o atinja pessoalmente.
De acordo com as últimas pesquisas, Lula perderia a eleição no
segundo turno para um tucano
como o prefeito de São Paulo, José
Serra. O prefeito, que tem se movimentado nos bastidores para
voltar a concorrer ao Palácio do
Planalto, perdeu para Lula em
2002.
Para fortalecer o PSB, Lula gostaria que o vice Alencar, que deixou o PL, ingressasse preferencialmente no partido de Eduardo
Campos. Até petistas que querem
deixar o partido de Lula são estimulados a migrar para o PSB.
No caso de Alencar, o vice recebeu conselho para não ingressar
no PDT, partido com o qual flerta.
Motivo: quem tem controle do
comando nacional nacional da legenda é o ex-deputado Carlos Lupi, que é hostil a Lula.
Já Eduardo Campos é um aliado, que já recebeu, por exemplo, o
ministro Ciro Gomes (Integração
Nacional). Ciro deixou o PPS de
Roberto Freire, partido que deixou de apoiar Lula e que busca
acerto com o PSDB desde que
Serra seja o candidato.
Na avaliação do Planalto, uma
segunda opção para Alencar seria
o PMDB, apesar das dificuldades
de entendimento entre o vice e o
ex-presidente Itamar Franco por
conta da política mineira. Os dois,
que cogitam candidatura ao Senado, têm conversado para aparar
as arestas. Em 2006, só haverá
eleição para uma das três vagas de
senador por Estado.
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