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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Na TV, Lula tenta atrair a classe média
Escândalos como o do mensalão e crítica aos programas sociais fazem com que governo seja mal avaliado pelo segmento
Propaganda do PT no horário eleitoral busca mostrar Bolsa-Família como mais do que um programa de transferência de renda
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com a perspectiva de uma
eventual vitória em primeiro
turno, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva usa a propaganda
eleitoral na TV para tentar melhorar a imagem do governo
perante a classe média.
As chamadas pesquisas qualitativas do PT, levantamentos
com grupos de determinado
segmento do eleitorado, revelam que parcela significativa da
classe média julga ruim o governo Lula. Os principais motivos para isso são o escândalo do
mensalão e a crítica aos programas sociais, considerados mero
assistencialismo.
Com base nesse diagnóstico e
com a avaliação de que dificilmente haverá reversão no cenário eleitoral, a cúpula da
campanha de TV de Lula começou a "falar para o segundo
mandato", nas palavras de um
auxiliar direto.
Nesse contexto, o programa
de Lula no horário eleitoral
gratuito tem procurado explicar que o Bolsa-Família é mais
do que um programa de transferência de renda. A propaganda diz que esses recursos aquecem economias locais, sobretudo nas áreas mais pobres. E
lembra que há precondições
para a manutenção do benefício e que o dinheiro não é dado
sem critério. Exemplo: que os
filhos freqüentem a escola e
que as grávidas não deixem de
fazer o pré-natal.
Programas sobre infra-estrutura, energia e economia também têm tido a preocupação de
dar explicações didáticas à classe média para que melhore a
avaliação do governo federal. A
propaganda diz que Lula fez
uma opção estratégica por incentivar combustíveis alternativos ao petróleo e que os resultados serão sentidos no futuro.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada na terça, o governo Lula foi considerado bom ou
ótimo por 48% dos entrevistados. Para 33%, a administração
petista é regular. E 18% a julgam ruim ou péssima.
O diagnóstico do comando da
campanha petista é o seguinte:
Lula não precisará da classe
média para vencer a eleição,
mas precisará recuperar pontos nesse segmento se quiser
melhorar a sua governabilidade
no segundo mandato.
A grande maioria do público
que consome os jornais de
prestígio e as revistas de circulação nacional pertence à classe
média. Essa parcela do eleitorado seria bombardeada, na visão da campanha petista, por
informações negativas sobre o
governo Lula.
É também um público que
daria mais peso à questão ética
do que os mais pobres e menos
escolarizados -estes beneficiários diretos dos programas sociais e do baixo custo dos alimentos populares.
Divulgada na terça-feira, a
última pesquisa evidencia bem
a diferença do prestígio do presidente por renda familiar
mensal e escolaridade.
Entre os eleitores com renda
familiar mensal de até dois salários mínimos, Lula bate o
candidato do PSDB, Geraldo
Alckmin, por 59% a 21%. Entre
dois e cinco salários mínimos, o
placar é de 46% a 34%. Na faixa
de cinco a dez mínimos, o petista marca 41% contra 31%. E
Alckmin chega na frente no
segmento de renda familiar superior a dez mínimos. O ex-governador paulista obtém 38%
contra 35% de Lula.
Detalhe: no período em que
começou a tentar atingir a classe média, Lula cresceu cinco
pontos percentuais entre as famílias com renda mensal entre
cinco e dez mínimos.
No quesito escolaridade, Lula tem 56% das intenções de voto entre os que cursaram o ensino fundamental. Alckmin obtém 24%. No eleitorado que
cursou o ensino médio, o petista alcançou 48% contra 30% do
tucano. E há situação de empate técnico entre os eleitores que
fizeram curso superior: 36% de
Alckmin e 34% de Lula. A margem de erro da pesquisa é de
dois pontos percentuais para
mais ou para menos.
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