São Paulo, segunda-feira, 11 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Na TV, Lula tenta atrair a classe média

Escândalos como o do mensalão e crítica aos programas sociais fazem com que governo seja mal avaliado pelo segmento

Propaganda do PT no horário eleitoral busca mostrar Bolsa-Família como mais do que um programa de transferência de renda

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a perspectiva de uma eventual vitória em primeiro turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usa a propaganda eleitoral na TV para tentar melhorar a imagem do governo perante a classe média.
As chamadas pesquisas qualitativas do PT, levantamentos com grupos de determinado segmento do eleitorado, revelam que parcela significativa da classe média julga ruim o governo Lula. Os principais motivos para isso são o escândalo do mensalão e a crítica aos programas sociais, considerados mero assistencialismo.
Com base nesse diagnóstico e com a avaliação de que dificilmente haverá reversão no cenário eleitoral, a cúpula da campanha de TV de Lula começou a "falar para o segundo mandato", nas palavras de um auxiliar direto.
Nesse contexto, o programa de Lula no horário eleitoral gratuito tem procurado explicar que o Bolsa-Família é mais do que um programa de transferência de renda. A propaganda diz que esses recursos aquecem economias locais, sobretudo nas áreas mais pobres. E lembra que há precondições para a manutenção do benefício e que o dinheiro não é dado sem critério. Exemplo: que os filhos freqüentem a escola e que as grávidas não deixem de fazer o pré-natal.
Programas sobre infra-estrutura, energia e economia também têm tido a preocupação de dar explicações didáticas à classe média para que melhore a avaliação do governo federal. A propaganda diz que Lula fez uma opção estratégica por incentivar combustíveis alternativos ao petróleo e que os resultados serão sentidos no futuro.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada na terça, o governo Lula foi considerado bom ou ótimo por 48% dos entrevistados. Para 33%, a administração petista é regular. E 18% a julgam ruim ou péssima.
O diagnóstico do comando da campanha petista é o seguinte: Lula não precisará da classe média para vencer a eleição, mas precisará recuperar pontos nesse segmento se quiser melhorar a sua governabilidade no segundo mandato.
A grande maioria do público que consome os jornais de prestígio e as revistas de circulação nacional pertence à classe média. Essa parcela do eleitorado seria bombardeada, na visão da campanha petista, por informações negativas sobre o governo Lula.
É também um público que daria mais peso à questão ética do que os mais pobres e menos escolarizados -estes beneficiários diretos dos programas sociais e do baixo custo dos alimentos populares.
Divulgada na terça-feira, a última pesquisa evidencia bem a diferença do prestígio do presidente por renda familiar mensal e escolaridade.
Entre os eleitores com renda familiar mensal de até dois salários mínimos, Lula bate o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, por 59% a 21%. Entre dois e cinco salários mínimos, o placar é de 46% a 34%. Na faixa de cinco a dez mínimos, o petista marca 41% contra 31%. E Alckmin chega na frente no segmento de renda familiar superior a dez mínimos. O ex-governador paulista obtém 38% contra 35% de Lula.
Detalhe: no período em que começou a tentar atingir a classe média, Lula cresceu cinco pontos percentuais entre as famílias com renda mensal entre cinco e dez mínimos.
No quesito escolaridade, Lula tem 56% das intenções de voto entre os que cursaram o ensino fundamental. Alckmin obtém 24%. No eleitorado que cursou o ensino médio, o petista alcançou 48% contra 30% do tucano. E há situação de empate técnico entre os eleitores que fizeram curso superior: 36% de Alckmin e 34% de Lula. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.


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