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Procurador vê "interferência política" no TCU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador do Ministério
Público no Tribunal de Contas
da União, Lucas Furtado, apontou a existência de "muita interferência política" no processo que investiga supostas irregularidades na compra e distribuição de cartilhas do governo
elaboradas pela Secom (Secretaria de Comunicação) e faz críticas sutis à forma como o tema
é debatido internamente.
Se não fossem os aspectos
políticos, argumenta Furtado,
não haveria motivo para o impasse entre os ministros Ubiratan Aguiar, relator, e Marcos
Vilaça, que pediu vista (suspensão da votação no plenário do
TCU) na semana passada.
Furtado defende Vilaça dizendo que é normal um ministro pedir vista para tomar conhecimento mais aprofundado
do assunto. No entanto, também admite que o caminho utilizado por Vilaça "não foi comum". Impossibilitado de participar da sessão, ele pediu por
telefone que o procurador solicitasse a suspensão da votação.
"O comum no TCU é: sempre
que um ministro quer participar da discussão e não pode estar presente, o relator retira o
processo da pauta", explica. Segundo ele, Aguiar disse que não
via motivo para fazer isso.
"Uma solução também pouco
comum", segundo o procurador. "Se não estivéssemos a três
semanas [das eleições] isso não
teria nada de extraordinário".
Responsável pela Secom na
época em que as cartilhas foram elaboradas, o ex-ministro
Luiz Gushiken informou, por
intermédio de seu advogado,
Luís Justiniano de Arantes
Fernandes, que não há nada na
lei que impeça o governo de utilizar o PT na distribuição do
material pago pelo governo.
"Não há nenhum óbice de natureza legal na distribuição realizada na forma acima e seu
conteúdo é todo de caráter institucional governamental. Não
se configurou, portanto, qualquer desvio na ação administrativa", argumentou. Segundo
ele, os detalhes do processo do
TCU podem ter "uso político-eleitoral" ao serem divulgados
antes da decisão final.
A Folha acionou ontem o
plantão da Presidência, que informou não ser possível disponibilizar contatos atualizados
da assessoria da Secom. Por
meio da assessoria de imprensa, o ministro Vilaça informou
que não falaria.
Procurado pela Folha, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, não foi localizado ontem.
Berzoini já havia afirmado que
não vê nenhuma ilegalidade na
distribuição das cartilhas.
O presidente do PT de São
Paulo, Paulo Frateschi, segundo a assessoria de imprensa,
não poderia ser localizado ontem para comentar a distribuição das cartilhas.
(SHEILA D"AMORIM E IURI DANTAS)
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