|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CGU vê fraudes em centenas de municípios
Foram fiscalizadas 1.200 cidades; irregularidades mais comuns estão em licitações e execução de obras
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde 2003, a Controladoria
Geral da União já fiscalizou, por
sorteio, 1.200 dos 5.560 municípios do Brasil. Segundo o ministro Jorge Hage (CGU), foram encontradas irregularidades em dois terços das cidades
que tiveram a administração
analisada. As fraudes mais comuns acontecem nas licitações,
como no caso dos sanguessugas, e na execução de obras.
"No item licitações, o direcionamento do edital é um
campeão de audiência e, em
muitos casos, com o edital elaborado pela empresa interessada, como foi nos sanguessugas",
afirma Hage.
Outro fenômeno típico é o
conluio entre empresas para
forjar uma competição. "A empresa já sabe que vai ganhar, e o
produto está na mão." Hage cita um caso, de 2001, envolvendo a prefeitura de Pompéu
(MG): "Foi combinado especificar "ônibus com ano de fabricação a partir de 1990". Os vencedores já tinham o ônibus!"
Outros problemas contribuem para que a impunidade
seja maior, segundo Hage: a
distância, a ausência de acesso
da população à informação, a
dominação política por oligarquias no interior -sobretudo
no Norte, no Nordeste e no
Centro-Oeste- e a falta de canais para a sociedade se manifestar. "Ocorre que os ministérios não têm estrutura para
acompanhar a execução e falham nas outras etapas. Tanto
que existem 25,8 mil prestações de contas pendentes de
exame e aprovação em 2006."
Entre as centenas de irregularidades encontradas por técnicos da CGU, há algumas "escabrosas", segundo o ministro.
"Chegou-se ao extremo de
publicar o edital em um único
exemplar do jornal. Já descobrimos isso nos municípios de
Porto Seguro (BA) e Sabáudia
(PR). Nos outros exemplares, o
gênio do prefeito conseguiu
que, no lugar do edital, saísse
uma outra coisa. Somente a
empresa vitoriosa ficou sabendo", contou Hage.
Na cidade de São Francisco
do Conde (BA), a prefeitura disse ter gasto R$ 629 mil em elásticos para dinheiro, ou seja, 4,3
milhões de unidades (cinco toneladas). Os fiscais constataram que a compra foi superdimensionada e que os elásticos
nunca foram entregues.
Sanguessugas
Começou no dia 4 de setembro a fiscalização das prefeituras sanguessugas. Segundo Hage, para montar esse trabalho, a
CGU recolheu 3.048 processos
de prestação de contas de convênios já executados para a
compra de ambulâncias no
Brasil inteiro. "Esse é o tipo de
fraude que só se descobre com a
fiscalização in loco, porque, do
ponto de vista do processo, estaria tudo regular. A concorrência não ficar sabendo e falsificação de assinaturas são fraudes freqüentíssimas", explica.
Texto Anterior: Toda Mídia - Nelson de Sá: Rendez-vous em Cuba Próximo Texto: Palestra: Instituto Goethe abre hoje curso gratuito de teoria crítica Índice
|