São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2007

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Renan se diz alvo de "excessos da democracia"

Em site, senador afirma ser vítima de manipulação "por interesses inconfessáveis de setores da imprensa e de grupos paroquiais'

Peemedebista intensificou telefonemas para os 80 colegas com direito a voto na sessão de amanhã, que decide seu futuro na Casa

RANIER BRAGON
LULA MARQUES

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A dois dias da votação que decidirá o seu futuro político, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem ser vítima de "excessos da democracia", voltou a negar que vá abandonar o cargo em caso de absolvição e intensificou o contato por telefone com os 80 colegas com direito a voto na sessão de amanhã.
"Se fui vítima dos excessos da democracia, nem por isso deixo de acreditar nessa mesma democracia. Nem duvido, que, acima de qualquer pressão duvidosa, acima de qualquer divergência partidária ou ambição política, irão pesar, sempre, o espírito público e a autonomia dos representantes do Senado", afirmou no artigo "Cartas na Mesa", colocado ontem em sua página na internet (www.senado.gov.br/web/senador/RenanCalheiros).
Os "excessos da democracia" aos quais se refere seriam manipulação da opinião pública "por interesses inconfessáveis de setores da imprensa e de grupos paroquiais". Renan ficou quase o dia todo em casa, no Lago Sul de Brasília, só saindo para ir ao escritório de seu advogado, Eduardo Ferrão. "Discutimos assuntos jurídicos, de sua defesa. Ele está confiante, com parcimônia", disse Ferrão. À noite, um dos filhos do senador, Rodolfo, xingou e ameaçou, de dentro do carro, repórteres-fotográficos que estavam em frente à casa.
Estiveram na residência de Renan Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, o senador José Sarney (PMDB-AP) e o deputado Augusto Farias (PTB-AL), irmão de Paulo César Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor.
Renan continuava ontem a ligar para cada um dos 80 senadores. A todos falava que encaminharia um memorial com os principais pontos de sua defesa e reafirmava ser inocente em relação às acusações de que se beneficiou de dinheiro de uma empreiteira. Além disso, convocou senadores para uma conversa pessoal hoje.
No final da tarde, sua assessoria de imprensa afirmou que o senador "rechaça com veemência" a especulação de que teria aceitado renunciar à presidência do Senado em troca de não ser cassado. "Isso seria trair os 51 votos que recebi em minha eleição para presidente, além de significar uma assunção de culpa". "Ele continua firme e decidido, em sua posição. Se estiverem os 81 senadores em plenário, Renan terá entre 50 e 60 votos", afirmou Almeida Lima (PMDB-SE), um de seus principais aliados.
Caso seja cassado, Renan ficará inelegível por 11 anos, 4 meses e 19 dias, até janeiro de 2019, quando terá 63 anos. Ele completa 52 anos no domingo.


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