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Renan se diz alvo de "excessos da democracia"
Em site, senador afirma ser vítima de manipulação "por interesses inconfessáveis de setores da imprensa e de grupos paroquiais'
Peemedebista intensificou telefonemas para os 80 colegas com direito a voto na sessão de amanhã, que decide seu futuro na Casa
RANIER BRAGON
LULA MARQUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dois dias da votação que decidirá o seu futuro político, o
presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), afirmou ontem ser vítima de "excessos da democracia", voltou a
negar que vá abandonar o cargo
em caso de absolvição e intensificou o contato por telefone
com os 80 colegas com direito a
voto na sessão de amanhã.
"Se fui vítima dos excessos da
democracia, nem por isso deixo
de acreditar nessa mesma democracia. Nem duvido, que,
acima de qualquer pressão duvidosa, acima de qualquer divergência partidária ou ambição política, irão pesar, sempre,
o espírito público e a autonomia dos representantes do Senado", afirmou no artigo "Cartas na Mesa", colocado ontem
em sua página na internet
(www.senado.gov.br/web/senador/RenanCalheiros).
Os "excessos da democracia"
aos quais se refere seriam manipulação da opinião pública
"por interesses inconfessáveis
de setores da imprensa e de
grupos paroquiais". Renan ficou quase o dia todo em casa,
no Lago Sul de Brasília, só saindo para ir ao escritório de seu
advogado, Eduardo Ferrão.
"Discutimos assuntos jurídicos, de sua defesa. Ele está confiante, com parcimônia", disse
Ferrão. À noite, um dos filhos
do senador, Rodolfo, xingou e
ameaçou, de dentro do carro,
repórteres-fotográficos que estavam em frente à casa.
Estiveram na residência de
Renan Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, o senador José Sarney
(PMDB-AP) e o deputado Augusto Farias (PTB-AL), irmão
de Paulo César Farias, tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor.
Renan continuava ontem a
ligar para cada um dos 80 senadores. A todos falava que encaminharia um memorial com os
principais pontos de sua defesa
e reafirmava ser inocente em
relação às acusações de que se
beneficiou de dinheiro de uma
empreiteira. Além disso, convocou senadores para uma
conversa pessoal hoje.
No final da tarde, sua assessoria de imprensa afirmou que
o senador "rechaça com veemência" a especulação de que
teria aceitado renunciar à presidência do Senado em troca de
não ser cassado. "Isso seria
trair os 51 votos que recebi em
minha eleição para presidente,
além de significar uma assunção de culpa". "Ele continua
firme e decidido, em sua posição. Se estiverem os 81 senadores em plenário, Renan terá entre 50 e 60 votos", afirmou Almeida Lima (PMDB-SE), um
de seus principais aliados.
Caso seja cassado, Renan ficará inelegível por 11 anos, 4
meses e 19 dias, até janeiro de
2019, quando terá 63 anos. Ele
completa 52 anos no domingo.
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