São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Alckmin contrata marqueteiro que atuou em campanha de Lula

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob nova direção, a campanha do tucano Geraldo Alckmin a prefeito de São Paulo vai mirar o que entende ser os problemas das duas últimas administrações da capital. A estratégia deverá resultar em críticas ao prefeito Gilberto Kassab (DEM), que tem o PSDB em sua gestão e era vice do governador tucano José Serra até 2006.
Anteontem à noite, em entrevista exclusiva à Folha, o marqueteiro Lucas Pacheco afirmou que deixou o comando da comunicação de Alckmin por estar insatisfeito com os rumos da campanha. O posto foi assumido ontem por Raul Cruz Lima, publicitário de pouca tradição na política, mas que já participou de campanhas do presidente Lula.
O novo chefe, a pedido do candidato e de seus apoiadores mais próximos, trabalhará em duas frentes: comparar o período de Alckmin à frente do Estado com o de Marta Suplicy (PT) na prefeitura (2001-2004) e apontar os "equívocos" de Kassab, nas palavras de um dos coordenadores tucanos.
O novo slogan, por enquanto, será "competência e respeito por você". Também nessa linha, Lima tentará diferenciar o PSDB do DEM (históricos aliados), evocando programas sociais dos tucanos e mostrando que o partido de Kassab tenta se apropriar de realizações de Alckmin, Mario Covas e Serra.
Antes do início da campanha, ele chegou a disputar com Pacheco a chance de comandar a comunicação tucana, mas foi preterido por razões financeiras. Agora, assume com o endosso de Edson Aparecido, coordenador da campanha.
Lima foi dono da agência Denison, nome tradicional no mercado privado, e, segundo a campanha, colaborou com Duda Mendonça e João Santana nas duas vitórias de Lula, em 2002 e 2006, respectivamente. Hoje, faz parceria com Marcelo Simões, outro que chegou a ser cotado para a vaga de Pacheco.
A favor de Lima pesa o fato de ser reconhecido como profissional criativo e enérgico, porém com pouca experiência para enfrentar Santana, hoje com Marta, e Luiz Gonzalez, com Kassab. Entre seus desafios está ainda o de dar mais densidade política ao discurso de Alckmin -como explicar para o eleitor o motivo que o leva a desafiar uma gestão que tem seu partido no comando.
"Não acho que o Kassab seja um bom prefeito. Se fosse, não teríamos outro candidato. É preciso afirmar a candidatura Alckmin. Se atingirmos a atual gestão, paciência", afirmou o deputado federal José Aníbal.
Ontem à noite, Lima se reuniu com o grupo de Alckmin. A idéia é que seu primeiro programa vá ao ar amanhã.

Insatisfação
Ao sair, Pacheco disse à Folha que o grupo ligado a Serra atrapalhava sua estratégia, que previa "desconstruir" a gestão Kassab. Pressionado, Alckmin teria evitado as críticas à espera do apoio do governador. "Minha intenção foi dar uma sacudida para ver se as coisas mudam. Vou descansar e volto a São Paulo para votar em Alckmin", disse Pacheco ontem.
Insatisfeito com o programa na TV, o núcleo da campanha -Alckmin, Aparecido e Silvio Torres- sugeriu que Lima "auxiliasse" Pacheco, mas ele preferiu sair. O programa vinha sendo alvo de reclamações. Segundo tucanos, procurava-se reforço para a redação de texto.
O presidente municipal do PSDB, José Henrique Lobo, foi um dos críticos mais contundentes. À Folha Pacheco atribuíra sua saída a "lobos em pele de cordeiro". Ontem, Alckmin ligou para Lobo e chamou, disse o presidente, de injustas as declarações do publicitário.


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