São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2000

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QUESTÃO AGRÁRIA
Italianos criticaram política fundiária
Simpatizantes do MST em Roma recusam reunião com Jungmann

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

Representantes do "Comitato di Appoggio di Roma al MST" (Comitê de Apoio ao MST em Roma) negaram-se a encontrar ontem com o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) na embaixada do Brasil na Itália.
O ministro havia marcado reunião com ONGs ligadas à questão agrária para discutir o programa brasileiro de reforma agrária.
"Acompanhamos diariamente as declarações que a imprensa brasileira generosamente relata. Duvidamos, portanto, que possa dizer-nos algo de novo e não acreditamos que esteja muito interessado em ouvir a nossa opinião", diz uma carta aberta ao ministro.
Para eles, a reunião é "uma operação de propaganda". "Nossas palavras seriam inevitavelmente menos expressivas do que as suas. Não queremos nos prestar a uma operação de propaganda".
Na carta, o programa brasileiro de reforma agrária é classificado como "fictício". Para a ONG, a atual política econômica enfraquece a agricultura familiar e promove a concentração de terras.
A carta cita pesquisa publicada em setembro de 1999 na "Revista de Política Agrícola", do Ministério da Agricultura. Segundo o estudo, 54% das pequenas propriedades apresentam, a longo prazo, renda negativa ou nula. O comitê também acusa o governo de não cumprir o acordo feito na reunião de 20 de julho entre representantes do MST e o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Com a carta, havia um boneco do Pinóquio, personagem infantil cujo nariz crescia quando falava mentiras. Para o comitê, o governo tenta desmoralizar o MST para justificar a quebra de promessas.
"O governo tenta mais uma vez adiar e não manter as promessas, e procura justificações jogando lama sobre o MST, dizendo que o movimento, quando pede financiamento para famílias assentadas, o faz para financiar a própria organização e que mente sobre o número de famílias assentadas."
Os italianos dizem ter conhecido os acampamentos e defendem crédito facilitado para os assentados. "Os membros do MST são grandes patriotas e o governo brasileiro deveria ser grato ao movimento por esta enorme obra educativa que está realizando".

Invasão
Cerca de cem famílias de sem-terra ligadas à CUT-MS invadiram na madrugada de ontem a sede da fazenda Urtigão, em Tacuru (420 km ao sul de Campo Grande). Em uma semana, a CUT invadiu seis fazendas em processo de desapropriação no Estado.
O superintendente estadual do Incra, Celso Cestari, afirma que fazendas invadidas não serão mais vistoriadas.



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