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QUESTÃO AGRÁRIA
Italianos criticaram política fundiária
Simpatizantes do MST em Roma recusam reunião com Jungmann
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Representantes do "Comitato di
Appoggio di Roma al MST" (Comitê de Apoio ao MST em Roma)
negaram-se a encontrar ontem
com o ministro Raul Jungmann
(Desenvolvimento Agrário) na
embaixada do Brasil na Itália.
O ministro havia marcado reunião com ONGs ligadas à questão
agrária para discutir o programa
brasileiro de reforma agrária.
"Acompanhamos diariamente
as declarações que a imprensa
brasileira generosamente relata.
Duvidamos, portanto, que possa
dizer-nos algo de novo e não acreditamos que esteja muito interessado em ouvir a nossa opinião",
diz uma carta aberta ao ministro.
Para eles, a reunião é "uma operação de propaganda". "Nossas
palavras seriam inevitavelmente
menos expressivas do que as suas.
Não queremos nos prestar a uma
operação de propaganda".
Na carta, o programa brasileiro
de reforma agrária é classificado
como "fictício". Para a ONG, a
atual política econômica enfraquece a agricultura familiar e promove a concentração de terras.
A carta cita pesquisa publicada
em setembro de 1999 na "Revista
de Política Agrícola", do Ministério da Agricultura. Segundo o estudo, 54% das pequenas propriedades apresentam, a longo prazo,
renda negativa ou nula. O comitê
também acusa o governo de não
cumprir o acordo feito na reunião
de 20 de julho entre representantes do MST e o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Com a carta, havia um boneco
do Pinóquio, personagem infantil
cujo nariz crescia quando falava
mentiras. Para o comitê, o governo tenta desmoralizar o MST para
justificar a quebra de promessas.
"O governo tenta mais uma vez
adiar e não manter as promessas,
e procura justificações jogando
lama sobre o MST, dizendo que o
movimento, quando pede financiamento para famílias assentadas, o faz para financiar a própria
organização e que mente sobre o
número de famílias assentadas."
Os italianos dizem ter conhecido os acampamentos e defendem
crédito facilitado para os assentados. "Os membros do MST são
grandes patriotas e o governo
brasileiro deveria ser grato ao
movimento por esta enorme obra
educativa que está realizando".
Invasão
Cerca de cem famílias de sem-terra ligadas à CUT-MS invadiram na madrugada de ontem a sede da fazenda Urtigão, em Tacuru
(420 km ao sul de Campo Grande). Em uma semana, a CUT invadiu seis fazendas em processo
de desapropriação no Estado.
O superintendente estadual do
Incra, Celso Cestari, afirma que
fazendas invadidas não serão
mais vistoriadas.
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