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SENADO
Dirigente peemedebista diz que o próximo presidente do Congresso será escolhido pelos 26 senadores do partido
Jader reage e afirma que ACM não manda no PMDB
RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Jader Barbalho (PA)
disse ontem que Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) "não manda
no PMDB", sigla presidida pelo
paraense. Foi a reação à articulação de ACM para que José Sarney
seja o candidato peemedebista a
presidente do Senado.
"Pode ser qualquer um dos 26
senadores do PMDB, mas a decisão não será nunca desse senhor",
disse Jader, referindo-se a ACM,
atual presidente do Senado e defensor da candidatura Sarney. A
eleição será em fevereiro de 2001.
ACM trabalha por Sarney em
resposta à articulação do presidente Fernando Henrique Cardoso para eleger Jader no Senado e o
pefelista Inocêncio Oliveira (PE)
na Câmara. A Folha apurou que
FHC avalia que essa fórmula
manteria a união dos principais
partidos governistas no resto de
seu mandato. Publicamente, FHC
adotará um discurso de neutralidade. Detalhe: nas últimas três
eleições para as presidências das
Casas do Congresso, a atuação de
bastidor do Planalto foi determinante na escolha dos vencedores.
As eleições para as presidências
da Câmara e do Senado fazem
parte de um pacote político que
inclui reforma ministerial no início do ano que vem. Será o primeiro teste para saber se a base
governista resistirá unida até a sucessão presidencial de 2002.
A cúpula do PMDB orientou Jader a brigar apenas com ACM.
Para o PMDB, Jader deve se aproximar de FHC, que tem sido fustigado por ACM. Se Jader entrar
em rota de colisão com o Planalto,
poderá ter seu nome inviabilizado. "Esse jogo não interessa ao
presidente Fernando Henrique
Cardoso", disse ontem Jader.
Os peemedebistas não acreditam que Sarney se lance candidato contra a vontade do partido.
Afirmam que a bancada escolherá
o postulante e duvidam que ele
concorra diretamente no plenário
contra a vontade de sua sigla.
Para o PMDB, Sarney quer a
presidência do Senado, mas não
entrará em conflito na hora H. Na
visão peemedebista, ele está prestando um serviço a ACM.
Ao anunciar a disposição de enfrentar Jader, Sarney abre a possibilidade de que um terceiro candidato seja lançado em nome do
consenso na base governista. Assim, ACM teria um discurso para
sair vitorioso, pois a eleição de Jader seria uma derrota sua.
Jader, que evitava criticar Sarney, mudou de tom. Enviou carta
ao senador gaúcho Pedro Simon
(PMDB). A pretexto de atacar
ACM, ameaçou Sarney nas entrelinhas. Jader disse que, como ministro de Sarney, a exemplo de Simon, nunca foi objeto de CPIs
instaladas durante e após o governo, inclusive a CPI da Corrupção,
ao contrário de ACM, "esse farsante travestido de coisa séria".
Segundo Jader, ACM foi citado
no relatório da CPI da Corrupção,
que investigou irregularidades do
governo Sarney (85-90). Ao reviver a CPI da Corrupção, Jader
quer deixar Sarney na defensiva,
sinalizando que ele se envolverá
no mar de lama em que se transformou a disputa pelo Senado.
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