São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2000

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SENADO
Dirigente peemedebista diz que o próximo presidente do Congresso será escolhido pelos 26 senadores do partido
Jader reage e afirma que ACM não manda no PMDB

RAYMUNDO COSTA
DO PAINEL

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Jader Barbalho (PA) disse ontem que Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) "não manda no PMDB", sigla presidida pelo paraense. Foi a reação à articulação de ACM para que José Sarney seja o candidato peemedebista a presidente do Senado.
"Pode ser qualquer um dos 26 senadores do PMDB, mas a decisão não será nunca desse senhor", disse Jader, referindo-se a ACM, atual presidente do Senado e defensor da candidatura Sarney. A eleição será em fevereiro de 2001.
ACM trabalha por Sarney em resposta à articulação do presidente Fernando Henrique Cardoso para eleger Jader no Senado e o pefelista Inocêncio Oliveira (PE) na Câmara. A Folha apurou que FHC avalia que essa fórmula manteria a união dos principais partidos governistas no resto de seu mandato. Publicamente, FHC adotará um discurso de neutralidade. Detalhe: nas últimas três eleições para as presidências das Casas do Congresso, a atuação de bastidor do Planalto foi determinante na escolha dos vencedores.
As eleições para as presidências da Câmara e do Senado fazem parte de um pacote político que inclui reforma ministerial no início do ano que vem. Será o primeiro teste para saber se a base governista resistirá unida até a sucessão presidencial de 2002.
A cúpula do PMDB orientou Jader a brigar apenas com ACM. Para o PMDB, Jader deve se aproximar de FHC, que tem sido fustigado por ACM. Se Jader entrar em rota de colisão com o Planalto, poderá ter seu nome inviabilizado. "Esse jogo não interessa ao presidente Fernando Henrique Cardoso", disse ontem Jader.
Os peemedebistas não acreditam que Sarney se lance candidato contra a vontade do partido. Afirmam que a bancada escolherá o postulante e duvidam que ele concorra diretamente no plenário contra a vontade de sua sigla.
Para o PMDB, Sarney quer a presidência do Senado, mas não entrará em conflito na hora H. Na visão peemedebista, ele está prestando um serviço a ACM.
Ao anunciar a disposição de enfrentar Jader, Sarney abre a possibilidade de que um terceiro candidato seja lançado em nome do consenso na base governista. Assim, ACM teria um discurso para sair vitorioso, pois a eleição de Jader seria uma derrota sua.
Jader, que evitava criticar Sarney, mudou de tom. Enviou carta ao senador gaúcho Pedro Simon (PMDB). A pretexto de atacar ACM, ameaçou Sarney nas entrelinhas. Jader disse que, como ministro de Sarney, a exemplo de Simon, nunca foi objeto de CPIs instaladas durante e após o governo, inclusive a CPI da Corrupção, ao contrário de ACM, "esse farsante travestido de coisa séria".
Segundo Jader, ACM foi citado no relatório da CPI da Corrupção, que investigou irregularidades do governo Sarney (85-90). Ao reviver a CPI da Corrupção, Jader quer deixar Sarney na defensiva, sinalizando que ele se envolverá no mar de lama em que se transformou a disputa pelo Senado.


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