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ANÁLISE
Entre a moral e os bons costumes
LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo indica que a polarização na reta final da eleição
para prefeito de São Paulo vai
ocorrer no pantanoso campo da
moral e dos bons costumes.
Paulo Maluf, de um lado, apontando o que na sua opinião é
"imoral" na candidata do PT e, de
outro, Marta Suplicy, destacando
os costumes administrativos e
políticos de Maluf, do ponto de
vista dela nada "bons".
Interessante notar que em nome da moral e dos bons costumes
o Brasil viveu praticamente duas
décadas sob censura aos meios de
comunicação, a livros, discos, cinema, música e a tudo o mais que
pudesse ter algum conteúdo que
desagradasse aos militares que
comandavam o país.
Muita besteira foi feita nesse período (uma geração inteira) em
nome de uma moral e de certos
costumes que ninguém sabia direito quais eram.
Ainda bem que tudo isso se tornou apenas memorabilia.
Mas a questão, hoje, é saber para que lado o disse-que-disse eleitoral vai pegar.
Quatro especialistas em marketing político ouvidos por esta coluna, que preferem ficar no anonimato por questões "profissionais e éticas", como disse um deles, acreditam que os efeitos dessa
polarização radicalizada nesses
termos -moral para lá, costumes para cá- é tão imprevisível
quanto contraproducente. Há
uma desconfiança muito grande
quanto à eficácia das estratégias
que se esboçam de lado a lado.
Quanto as posições liberais de
Marta Suplicy, difundidas na TV
há 20 anos, podem ser perniciosas eleitoralmente para ela hoje?
E Maluf, que, apesar de todas as
críticas às suas gestões, dos fracassos de seu pupilo Celso Pitta
na prefeitura, de todo o seu telhado de vidro administrativo, contrariando todas as expectativas,
conseguiu chegar ao segundo
turno? Será que vai adiantar chamá-lo de mais que nefasto e de
mais que desonesto?
Trata-se uma incógnita que será desvendada ao longo da campanha eleitoral e dos debates que
virão.
Se é que virão.
Já tem gente achando que Maluf vai pegar pesado a ponto de
Marta se recusar a debater com
ele ao vivo na TV, em nome de
um nível minimamente aceitável
na campanha. O que dará a Maluf
a chance de acusá-la de fujona
etc.
Ou seja, propostas de governo,
iniciativas práticas, soluções para
os graves problemas que atolaram São Paulo num lamaçal como nunca se viu e aquilo tudo
que poderia levar ao convencimento do eleitor por meio de
idéias... Bem, isso certamente será apenas acessório nos 20 dias
que restam de campanha.
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