São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JANIO DE FREITAS

O atrativo

A liberação de mais de bilhão e meio às vésperas do segundo turno, dos quais só os quebrados para as Forças Armadas não favorecerão grupos políticos, direta ou indiretamente, é um atrativo poderoso. Mas só dá o resultado pretendido se usado com habilidade, para não chover no molhado ou não irrigar onde a colheita não estará segura. E verbas cuja destinação é decidida por aqueles peemedebistas que se reuniram para discuti-las, alegadamente em colaboração a José Serra, costumam entrar por atalhos que não levam ao destino imaginado.
Anões do Orçamento e congêneres não são os mais indicados para cuidar de verbas orçamentárias, seja qual for a finalidade da liberação.

Clareza
Anthony Garotinho está fazendo tantas exigências despropositadas e ressalvas, em relação ao apoio que diz dar a Lula da Silva, porque não pode dizer o mais simples: está mesmo é com José Serra -é o que tudo evidencia.
Embora não tenha simpatias pela candidatura de Lula, como ficou claro quando preferiu adotar o candidato do projeto político dos evangélicos, o comando do PSB ficaria muito mal se não a apoiasse no segundo turno, ao menos nominalmente. Até a declaração de neutralidade seria visto como gesto mais favorável ao candidato do governo e, portanto, comprometedor para os que se declaram socialistas.
Anthony Garotinho vai mais longe. Mas, para quem já fala em novos planos políticos de grandeza, a atitude exótica está lhe rendendo uma onda de boatos desgastante. Vão desde colaboração encoberta a José Serra, até a pretensão ou já negociação de cargo, mais citada, neste caso, nada menos do que a presidência da Petrobras.

Nos gabinetes
O tempo que José Serra tem perdido em reuniões, de domingo para cá, dentro do seu círculo estrito, é incompreensível. Os coordenadores de sua campanha fazem o mesmo. Enquanto isso, Lula da Silva está circulando. Os coordenadores de sua campanha fazem o mesmo. Com o resultado visível, só ontem, nas adesões de dois PMDBs eleitoralmente importantes: o de Minas e o de Goiás, que resolveram desconsiderar a posição oficial do partido. Em Minas, colheu ainda a adesão da corrente empresarial representada pelo presidente da Federação da Indústria estadual e o apoio do setor do PFL integrado pelo vice-governador eleito Clézio Andrade.
É claro que adesões não se fazem só pela ação direta do candidato e de coordenadores, à margem de motivações políticas. Mas sem esse trabalho é que não se fazem.

Esclarecimento
As ações de improbidade contra os que utilizaram aviões da FAB para turismo de familiares ou amigos são idênticas, refiram-se ao ex-ministro Raul Jungmann, ao ministro Ronaldo Sardenberg, ao procurador-geral Geraldo Brindeiro ou a outros. A medida judicial que beneficie um deles será benéfica a todos.
Se, portanto, o seu sentido não foi prejudicado, o artigo de ontem incluiu uma imprecisão que corrijo: o despacho do ministro Nelson Jobim, pedindo a posição da Procuradoria Geral da República, referia-se à ação contra Sardenberg, não à ação contra Brindeiro. Embora o favorecimento da interpretação de Jobim, como do vice-procurador-geral Haroldo Nóbrega, favoreça igualmente Sardenberg e Brindeiro, além dos demais sob ações de improbidade.



Texto Anterior: Governo: FHC elogia Juscelino e afirma que o Brasil está "mais modernizado"
Próximo Texto: Justiça: TRF desobriga governo do Paraná de pagar precatórios
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.