São Paulo, sexta-feira, 11 de outubro de 2002

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Tucano, ao lado de pefelistas, amplia críticas contra PT; prefeito petista vê "terrorismo retórico"

Serra ataca e diz que país pode virar Venezuela se Lula vencer

RAQUEL ULHÔA
ENVIADA ESPECIAL A GOIÂNIA

O candidato à Presidência José Serra (PSDB) deu início à campanha do segundo turno pelo país ontem em Goiânia acusando seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de "arrogante" e alertando para o risco de o Brasil se transformar em uma Venezuela caso o petista seja eleito. Tucanos e pefelistas aliados que participaram do evento também fizeram discursos duros contra o PT.
"O Lula diz que eu quero debater porque eu não tenho apoios. Ou seja, ele está numa atitude arrogante. É uma arrogância do Lula desnecessária. Ele diz também que tem muitos apoios e eu não. Isso não é verdade e, mesmo que fosse, essa seria uma atitude arrogante", afirmou o tucano em discurso para 4.000 pessoas.
Serra disse que "a população tem o direito de conhecer as propostas dos candidatos para não sofrer decepção, como aconteceu na Argentina e está acontecendo agora na Venezuela".
No país vizinho, a população foi às ruas ontem pedir que o presidente Hugo Chávez -que tem afinidades com Lula e enviou um presente ao petista nesta semana para cumprimentá-lo pelas eleições no Brasil- convoque eleições gerais imediatamente.
"Vamos continuar a mudança segura. Vejam o que aconteceu na Venezuela. O que deu prometer sonhos sem pensar na realidade, frustrando e trazendo inquietações, perturbações e um retrocesso para o país", disse Serra.
O discurso mais raivoso foi o do senador eleito Arthur Virgílio (AM), que agora viajará com Serra. "Se Lula cumprir o que disse, o país arruina porque ele prometeu gastar demais." E completou: "Nós prometemos realismo; e ele, o delírio". Para ele, "o eleitor vai escolher se o próximo presidente vai ser Juscelino Kubitschek ou Fernando de la Rúa", em referência ao ex-presidente argentino.
Marconi Perillo (PSDB), governador reeleito, acusou os petistas de serem "perseguidores, prepotentes e incompetentes". "Quem conhece o PT não vota no PT. Vota no PT quem ainda não conhece a demagogia e o populismo do partido." Depois do evento, Serra comentou a alta do dólar dizendo que é uma alta especulativa. "É uma especulação devido à tensão pré-eleitoral. Para acalmar o mercado, posso dizer que, se for eleito, vou baixar o dólar."
O pefelista Ronaldo Caiado também criticou Lula. "Aquele homem não fala o que pensa. Fala o que o seu marqueteiro manda. Ele não sabe governar", afirmou.

Reação petista
O prefeito de Aracaju, o petista Marcelo Déda, rebateu as críticas de Serra e classificou de "terrorismo retórico" a insinuação de que, num governo Lula, o Brasil pode virar uma Venezuela.
Para o petista, o comportamento dos tucanos mostra que "os nervos do PSDB não estão preparados para o segundo turno".
Ele disse que o PT não vai permitir que Serra faça a agenda de Lula, numa referência à cobrança do tucano para que petista participe de todos os debates.
Déda ironizou o fato de Serra ter chamado Lula de arrogante. Segundo ele, é o mesmo que "falar de corda em casa de enforcado".
Sobre as críticas de que o "quem conhece o PT não vota no PT", Déda disse que "o Brasil conhece o governo do PSDB há oito anos e votou no PT".


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