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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Lula diz estar calejado e que "faltam 20 dias para a oncinha beber água"
Presidente fez a mesma previsão em 24 de setembro, quando confiava na vitória em primeiro turno
Petista diz que há "dois projetos" em jogo e que
Alckmin sofre de "pequenez" porque "a única coisa que
sabe fazer é vender coisas"
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou inovar o discurso no segundo turno ao sustentar que o projeto do PT é
distinto do PSDB, mas repetiu
ontem, em Guarulhos, a frase
que gerou polêmica na primeira fase da eleição: "Agora faltam 20 dias, 20 dias para a oncinha beber água outra vez. Não
adiantam calúnias e mentiras,
que eu estou calejado".
Lula usou exatamente o mesmo ditado no dia 24 de setembro, em Sorocaba, confiante na
vitória em primeiro turno.
Ontem, Lula fez fortes críticas ao PSDB e a Geraldo Alckmin: "Queria dizer para os homens que jogam truco. O blefe
tem perna curta. A pessoa pode
blefar uma vez, duas vezes.
Uma hora ele vai tomar um seis
que ele vai ter que recuar".
Em Brasília, no Palácio do
Jaburu, o presidente já havia
recorrido à mesma metáfora.
Ele acusou Alckmin de liderar
um projeto de "desmonte", de
"demagogia" e de "blefar" o
tempo todo. Lula disse que vai
"trucar forte", mas está certo de
que vencerá sem blefar.
Lula disse, ao iniciar o comício em Guarulhos, não ser "o
candidato de uma nota só":
"Não vou falar de obras, não
vou falar de Bolsa Família, não
vou falar de universidade, não
vou falar do Farmácia Popular.
Eu vou falar de uma outra coisa. É extremamente importante que essas eleições tenham
ido para o segundo turno para
que o jogo fique mais claro. O
povo vai poder distinguir entre
dois projetos. O deles a gente já
conhece há muito tempo".
A campanha do petista tenta
reduzir a ampla vantagem de
Alckmin em São Paulo. O PT
perdeu terreno para o tucano
em antigos redutos eleitorais,
como Guarulhos, onde Lula teve 47,69% contra 41,29%.
O discurso sobre "dois projetos", com ênfase no viés privatista adotado em gestões de
FHC e de Alckmin quando governador de São Paulo é uma
tentativa do presidente de conquistar boa parte dos votos de
simpatizantes de esquerda que
optaram, no primeiro turno, ou
por Heloísa Helena (PSOL) ou
por Cristovam Buarque (PDT).
Lula afirmou que o projeto
do PSDB é "o das privatizações,
da diminuição dos salários, do
sufoco dos aposentados, que
não criou uma única universidade em oito anos de governo,
que não cuidou da segurança
pública e sequer cuidou da Febem, o projeto do apagão, e da
subordinação externa".
Ataques a Alckmin
Já, segundo o petista, o projeto que ele representa é o do
"combate à corrupção, da criação de emprego com aumento
de salário, da inclusão social, do
investimento em educação e da
redução da inflação".
Lula também referiu-se ontem a Alckmin como "aquele cidadão que é especializado em
destruir em dois minutos aquilo que a gente constrói em dois
séculos". Em entrevista à rádio
Bandeirantes, disse que o tucano sofre de "pequenez".
"A única coisa que ele sabe
fazer é vender coisas. Essa é
uma cultura do PSDB. O PSDB,
na verdade, não deveria ser
candidato a nada, eles deveriam ser candidatos a uma empresa de vender empresas estatais porque a única coisa que
eles aprenderam a fazer".
O jornalista Ricardo Boechat,
que mediou o debate entre Lula
e Alckmin na TV Bandeirantes,
disse ontem que o presidente
ficou surpreso e irritado com o
tom duro adotado pelo tucano.
Segundo o jornalista, no primeiro intervalo, Lula disse:"Do
jeito que está indo, o debate não
vai poder continuar, sou presidente da República, o Alckmin
está me chamando de mentiroso, não posso permitir que ele
me chame de mentiroso".
(MALU DELGADO, PEDRO DIAS LEITE E EDUARDO
SCOLESE)
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