São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Lula diz estar calejado e que "faltam 20 dias para a oncinha beber água"

Presidente fez a mesma previsão em 24 de setembro, quando confiava na vitória em primeiro turno

Petista diz que há "dois projetos" em jogo e que Alckmin sofre de "pequenez" porque "a única coisa que sabe fazer é vender coisas"


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou inovar o discurso no segundo turno ao sustentar que o projeto do PT é distinto do PSDB, mas repetiu ontem, em Guarulhos, a frase que gerou polêmica na primeira fase da eleição: "Agora faltam 20 dias, 20 dias para a oncinha beber água outra vez. Não adiantam calúnias e mentiras, que eu estou calejado".
Lula usou exatamente o mesmo ditado no dia 24 de setembro, em Sorocaba, confiante na vitória em primeiro turno.
Ontem, Lula fez fortes críticas ao PSDB e a Geraldo Alckmin: "Queria dizer para os homens que jogam truco. O blefe tem perna curta. A pessoa pode blefar uma vez, duas vezes. Uma hora ele vai tomar um seis que ele vai ter que recuar".
Em Brasília, no Palácio do Jaburu, o presidente já havia recorrido à mesma metáfora. Ele acusou Alckmin de liderar um projeto de "desmonte", de "demagogia" e de "blefar" o tempo todo. Lula disse que vai "trucar forte", mas está certo de que vencerá sem blefar.
Lula disse, ao iniciar o comício em Guarulhos, não ser "o candidato de uma nota só": "Não vou falar de obras, não vou falar de Bolsa Família, não vou falar de universidade, não vou falar do Farmácia Popular. Eu vou falar de uma outra coisa. É extremamente importante que essas eleições tenham ido para o segundo turno para que o jogo fique mais claro. O povo vai poder distinguir entre dois projetos. O deles a gente já conhece há muito tempo".
A campanha do petista tenta reduzir a ampla vantagem de Alckmin em São Paulo. O PT perdeu terreno para o tucano em antigos redutos eleitorais, como Guarulhos, onde Lula teve 47,69% contra 41,29%.
O discurso sobre "dois projetos", com ênfase no viés privatista adotado em gestões de FHC e de Alckmin quando governador de São Paulo é uma tentativa do presidente de conquistar boa parte dos votos de simpatizantes de esquerda que optaram, no primeiro turno, ou por Heloísa Helena (PSOL) ou por Cristovam Buarque (PDT).
Lula afirmou que o projeto do PSDB é "o das privatizações, da diminuição dos salários, do sufoco dos aposentados, que não criou uma única universidade em oito anos de governo, que não cuidou da segurança pública e sequer cuidou da Febem, o projeto do apagão, e da subordinação externa".

Ataques a Alckmin
Já, segundo o petista, o projeto que ele representa é o do "combate à corrupção, da criação de emprego com aumento de salário, da inclusão social, do investimento em educação e da redução da inflação".
Lula também referiu-se ontem a Alckmin como "aquele cidadão que é especializado em destruir em dois minutos aquilo que a gente constrói em dois séculos". Em entrevista à rádio Bandeirantes, disse que o tucano sofre de "pequenez".
"A única coisa que ele sabe fazer é vender coisas. Essa é uma cultura do PSDB. O PSDB, na verdade, não deveria ser candidato a nada, eles deveriam ser candidatos a uma empresa de vender empresas estatais porque a única coisa que eles aprenderam a fazer".
O jornalista Ricardo Boechat, que mediou o debate entre Lula e Alckmin na TV Bandeirantes, disse ontem que o presidente ficou surpreso e irritado com o tom duro adotado pelo tucano. Segundo o jornalista, no primeiro intervalo, Lula disse:"Do jeito que está indo, o debate não vai poder continuar, sou presidente da República, o Alckmin está me chamando de mentiroso, não posso permitir que ele me chame de mentiroso". (MALU DELGADO, PEDRO DIAS LEITE E EDUARDO SCOLESE)

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