São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2006

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Gedimar retifica depoimento e inocenta Godoy

RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado Gedimar Pereira Passos, 50, ex-integrante do comitê eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Brasília, voltou atrás em um trecho do primeiro depoimento que prestou à Polícia Federal. Passos inocentou o ex-assessor especial da Presidência da República, Freud Godoy, acusado de participação na tentativa de compra de um dossiê contra o governador eleito de São Paulo José Serra (PSDB).
Em manifestação por escrito protocolada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) no último dia 3, Passos retirou a acusação a Godoy, feita ao final do interrogatório realizado no último dia 15 pelo delegado da PF Edmilson Pereira Bruno.
Na nova versão do depoimento de Passos, o nome de "Froude ou Freud" -depois identificado como Freud Godoy-, segurança pessoal de Lula na campanha de 2002, foi mencionado em troca da "falsa promessa" de que seria libertado.
"Cumpre ainda afirmar que o nome do sr. Freud Godoy foi declinado em depoimento apenas com vistas à falsa promessa de liberdade do inquisitor naquela oportunidade, a título de colaboração com as investigações", escreveu Passos, no ofício enviado ao TSE.
Passos disse ter escolhido aleatoriamente o nome de Godoy. "Sob a promessa de não ser detido, o representado [Passos] declinou o nome de um membro do governo que se lembrava por ter acompanhado em um trabalho anterior de segurança em comitê eleitoral", escreveu Passos.
A manifestação do advogado, que também é ex-agente da PF e fazia parte da "inteligência" do comitê de Lula, foi enviada ao TSE como parte de sua defesa na investigação judicial aberta pela corregedoria do tribunal a partir da representação movida pela coligação que apóia Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
As novas afirmações de Passos sobre Freud Godoy contradizem seu primeiro depoimento. No dia 15, ele afirmou: "Indagado sobre quem do PT deu ao declarante a missão de realizar o pagamento dos emissários dos Vedoin em troca das informações pactuadas disse que: "foi a mando de uma pessoa de nome Froude ou Freud, que segundo consta tem uma empresa de segurança no Rio de Janeiro/SP, que não sabe se o dito cujo é pessoa influente ou não dentro do PT".
Passos havia tido uma oportunidade de rever essas primeiras declarações, mas não a utilizou. Em depoimento prestado quatro dias depois, em Cuiabá (MT), ao delegado da PF Diógenes Curado Filho, Passos resolveu ficar em silêncio.
O delegado Edmilson Bruno foi procurado pela Folha três vezes ontem, entre 20h15 e 20h40, mas não foi localizado. Recados foram deixados na secretária eletrônica de seu telefone celular, mas não houve retorno. Bruno assumiu ter vazado para a imprensa fotos da pilha de dinheiro apreendido.


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