|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
outro lado
Igreja nega ingerência sobre ONG
EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Igreja Universal do Reino
de Deus negou, em e-mail enviado à Folha, que tenha qualquer ingerência sobre a Sociedade Pestalozzi de São Paulo,
alvo de uma ação civil pública
movida pela AGU (Advocacia-Geral da União). "A Pestalozzi
não é controlada pela igreja",
disse a assessoria da igreja.
Sobre doações direcionadas
à ONG, a assessoria de imprensa da Iurd informou que a igreja já "colaborou muito em tempos passados" com recursos financeiros, mas hoje a ajuda
não mais existe. A igreja também negou ter feito indicação a
parlamentares de sua base política para o direcionamento de
emendas ao Orçamento da
União em favor da Pestalozzi.
Sobre a presença de integrantes da Iurd nos quadros da
Pestalozzi, a assessoria da igreja disse que, "durante os anos
90, um grupo de membros da
Iurd uniu forças para liquidação das dívidas da instituição e,
posteriormente, esse grupo se
apresentou em uma chapa à diretoria e acabou eleito conforme o estatuto da instituição".
Pestalozzi
A assessoria da Pestalozzi informou, por e-mail, que nos autos da ação movida pela AGU a
entidade apresentou "argumentos processuais que demonstram a impossibilidade de
continuidade da ação".
A Pestalozzi também afirmou que não tem relação com a
igreja e não há indicação de integrantes da igreja para compor a diretoria da entidade. Negou ter havido apoio da igreja
na obtenção de verba do Ministério da Saúde.
"Não houve qualquer ajuda
da Igreja Universal para o recebimento dos recursos oriundos
das emendas parlamentares.
Os recursos foram obtidos por
meio de regular procedimento
próprio para aprovação de verbas públicas", disse a entidade.
Tanto a Rede Record quanto
a Pestalozzi informaram que os
recursos captados durante programas de arrecadação de doações levados ao ar pela TV são
destinados à Pestalozzi diretamente pelas operadoras de telefonia, sem manipulação da
Igreja Universal ou da Record.
"Os recursos são destinados
para beneficiar 700 crianças,
adolescentes e jovens adultos
com deficiência intelectual e
autismo, nas áreas da educação,
saúde e capacitação profissional", informou a assessoria da
Rede Record.
Na defesa preliminar protocolada na ação, o advogado da
Pestalozzi, Renato Gugliano
Herani, argumentou que o pedido da AGU é descabido, que já
houve prescrição da pretensão
de reparação civil, "ao menos
em relação" ao convênio assinado de 2002, e também a prescrição da "invalidação da assinatura" dos outros dois convênios, ambos do ano de 2004.
O advogado também afirmou
que não existe dano ao erário
público: "Os convênios foram
regularmente firmados e, a despeito de terem sido executados
com procedimento de escolha
dos fornecedores sem o rigor
formal emanado da lei 8.666/
93 [Lei das Licitações], não gerou, e não está gerando, prejuízo ao patrimônio público".
Críticas à AGU
Para o advogado, a AGU coloca em dúvida a mecânica das
emendas parlamentares individuais, previstas em lei, e por isso o pedido de bloqueio não poderia ter sido feito.
"É juridicamente impossível
determinar a reparação de danos ao erário e a restituição de
valores públicos decorrentes
de irregularidades na formação
e execução de referidos convênios", escreveu o defensor.
O advogado disse à Folha
que o processo ainda está em
fase embrionária, em que os
acusados fazem defesa prévia
para que o juiz decida se dará
seguimento ou não à ação.
O advogado da ex-deputada
Edna Macedo, Paulo Goyas,
disse que ela propôs as emendas parlamentares para destinação de recursos à Pestalozzi
de SP, mas que caberia ao Ministério da Saúde ter fiscalizado o processo de licitação pública de compra da ambulância.
""O deputado não acompanha
a execução da emenda. Só pede
a liberação dos recursos", afirmou. Segundo Goyas, 77 deputados e ex-deputados são réus
em processos judiciais sobre a
máfia das sanguessugas.
Para ele, não está provada a
existência de irregularidades
nas licitações feitas pela Pestalozzi de São Paulo. Ele disse
que a ex-deputada já prestou
depoimentos sobre o caso na
Polícia Federal e na Justiça Federal, em Cuiabá, onde correm
os processos contra os parlamentares acusados de envolvimento com o esquema.
Contatada pela reportagem,
a família do ex-deputado federal Marcos Abramo disse que
ele está fora de São Paulo e permanece ligado à igreja. Prometeu repassar a ele o número do
telefone para o caso de querer
fazer contato com a Folha, o
que não aconteceu até o fechamento desta edição. Os ex-deputados Wanderval dos Santos
e João Batista não foram localizados.
(EL E RV)
Texto Anterior: ONG ligada à Universal é alvo de ação da AGU Próximo Texto: Frases Índice
|