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Alunos de direito acompanham caso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Centenas de alunos de direito
-a maioria jovens de idade e nível social semelhantes aos dos
réus- lotaram as cadeiras, corredores e escadas do auditório do
Tribunal do Júri do Fórum de
Brasília na madrugada de ontem e
transformaram o julgamento do
caso pataxó em uma mistura de
aula prática e espetáculo.
Às 3h, quando os sete jurados
decidiam a situação dos quatro
acusados, em sala secreta contígua ao auditório, o acesso foi liberado para os estudantes que pressionavam para entrar.
Atentos aos argumentos de
doutrina jurídica, os alunos
acompanhavam em silêncio os
discursos dos advogados. Nos intervalos, fervilhavam discussões.
Cerca de 30 alunos que ainda esperavam na fila para entrar questionavam os que saíam: "Como
está indo?". Outros pediam novidades dos colegas que estavam no
auditório por telefone celular.
Durante uma pausa nos depoimentos das testemunhas, na
quinta-feira, um aluno do quinto
semestre de direito abordou o
promotor Maurício Miranda, que
também leciona, para sugerir
uma atuação mais agressiva nos
interrogatórios. "Ele não tem trabalhado bem as testemunhas",
avaliou Bruno Frota, 22.
Para outros, as disputas de eloquência pelo convencimento dos
jurados era puro divertimento.
"Isso é como um show. Eu vim
para me divertir. Fiquei tão empolgado no outro dia que nem
consegui dormir", disse Márcio
Tasso, 18, aluno de direito do primeiro semestre.
De acordo com um segurança
do tribunal, o auditório quase
sempre fica vazio durante os julgamentos "normais", mas às vezes advogados que são professores pedem a presença de alunos
em seus julgamentos.
No local, apenas um banheiro
masculino e outro feminino estavam disponíveis para as cerca de
350 pessoas.
A platéia chegou a dividir com
os jurados a atenção da acusação e
da defesa. Os advogados às vezes
se distanciavam das sete pessoas
designadas para decidir o caso e
discursavam diretamente para o
público presente, que reagia
prontamente aos argumentos, levando a juíza Sandra de Santis a
tocar a campainha.
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