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VERBA EXTRA
Banco do Brasil adianta R$ 60 milhões ao Estado para manter conta
Zeca do PT recebe R$ 120 mi para pagar servidores
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O governador de Mato Grosso
do Sul, José Orcírio Miranda dos
Santos, o Zeca do PT, anunciou
ontem ter conseguido R$ 120 milhões para "sair do sufoco" e pagar o 13º dos servidores estaduais,
graças à ajuda dos ministros Antonio Palocci (Fazenda), Paulo
Bernardo (Planejamento) e do senador Delcídio Amaral (PT-MS),
presidente da CPI dos Correios.
Os R$ 120 milhões não são um
empréstimo: o Banco do Brasil vai
pagar a quantia para continuar
com a conta bancária do governo
do Estado, que arrecada cerca de
R$ 200 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) por mês. Em uma
negociação com o BB, da qual
participaram Paulo Bernardo e
Delcídio Amaral, Zeca acertou, na
semana passada, a liberação de
parte da verba, R$ 60 milhões.
No Ministério da Fazenda, o governador conseguiu ainda que
União reconhecesse uma dívida
de R$ 60 milhões com a Previdência de Mato Grosso do Sul, surgida a partir da criação do Estado,
em 1977. "Na quinta-feira, eu estava aqui num almoço. O Delcídio
me ligou, estava com o Palocci e
me passou [o telefone]. O ministro disse que isso [o pagamento
dos R$ 60 milhões] é uma coisa
diferente, não tem nada a ver com
Ipemat [o instituto de previdência
do Estado]", disse Zeca. O governador se referia a outra dívida de
R$ 640 milhões que o Estado ainda teria a receber da União.
Logo após Zeca do PT relatar o
telefonema de Palocci, Delcídio
pediu a palavra e disse que a liberação dos R$ 60 milhões foi "fruto
de um parecer da Advocacia Geral da União". Mais tarde, o governador disse que "não teve ajuda [de Palocci], teve sim direito
do Estado" em receber a quantia.
Aftosa
Devido aos casos de febre aftosa
em Mato Grosso do Sul, o Estado
deixou de arrecadar, segundo Zeca do PT, R$ 60 milhões em outubro, novembro e início deste mês
em ICMS, seu principal imposto.
Sem dinheiro em caixa para pagar o 13º de 62.288 servidores públicos estaduais, cuja folha de pagamento mensal é de R$ 89 milhões, o governador visitou gabinetes de Palocci, Paulo Bernardo e
Dilma Rousseff (Casa Civil).
Antes de obter sucesso em Brasília, Zeca do PT havia tentado fazer um leilão para a escolha de um
banco privado que substituiria o
Banco do Brasil na movimentação da conta bancária do governo
estadual. Após a Justiça decidir
manter o leilão, contestado por
uma ação judicial, o governador
marcou para a última sexta-feira a
abertura de propostas, esperando
a participação dos bancos Itaú,
Bradesco, HSBC e Real, com lance
inicial de R$ 90 milhões.
De acordo com Zeca do PT, os
bancos recuaram devido à ação
contra o leilão. "Imediatamente
reabrimos com o Banco do Brasil
a conversação", afirmou o governador do Estado.
"Na ida minha [a Brasília] com
Delcídio e Paulo Bernardo, nós
sacramentamos isso e garantimos
R$ 60 milhões de aporte para eles
continuarem com as contas", afirmou o governador.
"Eu me sinto aliviado para entregar o governo em abril [ao vice-governador Egon Krakhecke
(PT)]", acrescentou o petista, que
diz pretender disputar uma vaga
no Senado. Delcídio é pré-candidato ao governo do Estado.
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