São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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VERBA EXTRA

Banco do Brasil adianta R$ 60 milhões ao Estado para manter conta

Zeca do PT recebe R$ 120 mi para pagar servidores

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, anunciou ontem ter conseguido R$ 120 milhões para "sair do sufoco" e pagar o 13º dos servidores estaduais, graças à ajuda dos ministros Antonio Palocci (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento) e do senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios.
Os R$ 120 milhões não são um empréstimo: o Banco do Brasil vai pagar a quantia para continuar com a conta bancária do governo do Estado, que arrecada cerca de R$ 200 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) por mês. Em uma negociação com o BB, da qual participaram Paulo Bernardo e Delcídio Amaral, Zeca acertou, na semana passada, a liberação de parte da verba, R$ 60 milhões.
No Ministério da Fazenda, o governador conseguiu ainda que União reconhecesse uma dívida de R$ 60 milhões com a Previdência de Mato Grosso do Sul, surgida a partir da criação do Estado, em 1977. "Na quinta-feira, eu estava aqui num almoço. O Delcídio me ligou, estava com o Palocci e me passou [o telefone]. O ministro disse que isso [o pagamento dos R$ 60 milhões] é uma coisa diferente, não tem nada a ver com Ipemat [o instituto de previdência do Estado]", disse Zeca. O governador se referia a outra dívida de R$ 640 milhões que o Estado ainda teria a receber da União.
Logo após Zeca do PT relatar o telefonema de Palocci, Delcídio pediu a palavra e disse que a liberação dos R$ 60 milhões foi "fruto de um parecer da Advocacia Geral da União". Mais tarde, o governador disse que "não teve ajuda [de Palocci], teve sim direito do Estado" em receber a quantia.

Aftosa
Devido aos casos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul, o Estado deixou de arrecadar, segundo Zeca do PT, R$ 60 milhões em outubro, novembro e início deste mês em ICMS, seu principal imposto.
Sem dinheiro em caixa para pagar o 13º de 62.288 servidores públicos estaduais, cuja folha de pagamento mensal é de R$ 89 milhões, o governador visitou gabinetes de Palocci, Paulo Bernardo e Dilma Rousseff (Casa Civil).
Antes de obter sucesso em Brasília, Zeca do PT havia tentado fazer um leilão para a escolha de um banco privado que substituiria o Banco do Brasil na movimentação da conta bancária do governo estadual. Após a Justiça decidir manter o leilão, contestado por uma ação judicial, o governador marcou para a última sexta-feira a abertura de propostas, esperando a participação dos bancos Itaú, Bradesco, HSBC e Real, com lance inicial de R$ 90 milhões.
De acordo com Zeca do PT, os bancos recuaram devido à ação contra o leilão. "Imediatamente reabrimos com o Banco do Brasil a conversação", afirmou o governador do Estado.
"Na ida minha [a Brasília] com Delcídio e Paulo Bernardo, nós sacramentamos isso e garantimos R$ 60 milhões de aporte para eles continuarem com as contas", afirmou o governador.
"Eu me sinto aliviado para entregar o governo em abril [ao vice-governador Egon Krakhecke (PT)]", acrescentou o petista, que diz pretender disputar uma vaga no Senado. Delcídio é pré-candidato ao governo do Estado.


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