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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ VISÃO DA CRISE
Em votação apertada, Diretório Nacional aprova resolução que pede redução do superávit primário e critica suposto caixa 2 de Serra
PT pede mudança imediata na economia
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Diretório Nacional do PT
aprovou ontem resolução na qual
pede mudanças imediatas no governo. O objetivo do partido é sinalizar, neste momento, um
eventual segundo mandato do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva "superior" ao atual -as eleições ocorrem no ano que vem.
O documento, que só foi aprovado após uma dura queda de
braço entre as tendências internas, diz que o país não pode "ficar
prisioneiro da receita de juros altos como único remédio para
combater a inflação". Defende
ainda a flexibilização de um dos
principais pilares da política do
ministro Antonio Palocci (Fazenda), ao pedir a queda das metas de
superávit primário -saldo positivo do que país arrecada e do que
gasta, antes de pagar os juros.
Logo após a divulgação do documento, Lula já demonstrava
preocupação a seus auxiliares sobre a repercussão política.
"Estimamos imprescindível
acelerar a execução orçamentária,
ampliar os investimentos em infra-estrutura e nas políticas sociais, acelerar a reforma agrária e
melhorar o funcionamento do
conjunto do governo. O caminho
do crescimento permite reduzir a
relação dívida/PIB, sem os sacrifícios resultantes das metas de superávit primário, que devem ser
reduzidas", afirma o texto, em um
dos seus trechos mais polêmicos.
Segundo a resolução petista, "é
possível crescer distribuindo renda e riqueza, com inflação e juros
compatíveis com uma sociedade
livre da ditadura dos interesses financeiros". A legenda ainda descarta a proposta de "déficit zero".
O texto base da resolução foi
apresentado pelo presidente do
PT, deputado Ricardo Berzoini
(SP), em conjunto com correntes
da esquerda petista e de parte do
Campo Majoritário, que perdeu a
hegemonia na direção partidária
após as eleições internas de outubro e está rachado. Correntes ligadas à ex-prefeita Marta Suplicy
unidas a outra parte do Campo
Majoritário, capitaneada pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP), conseguiram atenuar outros trechos duros
da resolução -trata-se do primeiro texto oficial do Diretório
Nacional após sua renovação.
"A centro-esquerda do PT tem
maioria e o resultado prático é a
crítica à política econômica", disse Jilmar Tatto, ex-secretário na
gestão Marta e 3º vice-presidente
do partido. "Infelizmente as críticas estão dada vez maiores. Temos de tomar cuidado para que
não descambe para a oposição."
A resolução petista também
volta a atacar o PSDB e o PFL.
Desta vez, também dirigem críticas ao prefeito de São Paulo, José
Serra, presidenciável tucano. Ao
pedir que as investigações se ampliem para o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, citam "o caixa dois na campanha de Serra, objeto de ação na
Justiça Federal de R$ 32 milhões".
Ainda citam "conexões" do crime organizado com as campanhas eleitorais do ex-governador
Dante de Oliveira (MT), eleito pelo PSDB, e do senador tucano Antero Paes de Barros (MT).
Colaborou KENNEDY ALENCAR, da Sucursal de Brasília
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