São Paulo, domingo, 11 de dezembro de 2005

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Direção petista apóia críticas de Lula à oposição

DA REPORTAGEM LOCAL

Líderes petistas endossaram ontem as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à oposição, comparada por ele a adversários do presidente venezuelano Hugo Chávez, anteontem. Para os dirigentes do partido, que se reuniram ontem em São Paulo, há setores do PSDB e do PFL que alimentam o "denuncismo" com olhos nas eleições de 2006.
"A oposição tem tido uma atitude desequilibrada com o presidente Lula", afirmou Henrique Fontana (RS), líder do PT na Câmara. Segundo o deputado, "setores da oposição pensaram em golpe, sim", ao ameaçar pedir o impeachment de Lula "sem provas".
"No ambiente em que algumas denúncias são sérias, se misturam um conjunto de outras que alimentam o denuncismo com objetivo eleitoral", disse Fontana, que classificou as declarações de Lula como uma "proposta de debate político". "Há setores da oposição democráticos e responsáveis, mas é evidente que há setores golpistas", afirmou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante.
De acordo com Jilmar Tatto, terceiro vice-presidente do partido, "existe no Brasil um movimento como na Venezuela de não aceitar um governo legítimo".
Só o senador Eduardo Suplicy (SP) discordou de Lula. "Não há um clima semelhante ao da Venezuela. Inclusive Paulo Skaf tem tido uma boa relação com Lula", disse, fazendo um paralelo entre o presidente da Federação das Indústrias de SP e parte do empresariado venezuelano, que apoiou golpe contra Chávez em 2002.
Se no discurso o PT foi duro contra seus opositores, nas ações ainda não chegou a um consenso sobre como proceder, principalmente no caso do senador tucano Eduardo Azeredo (MG), beneficiado por esquema de caixa dois na campanha de 1998.
A Executiva Nacional petista já aprovou resoluções que recomendam a entrada de uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o parlamentar tucano. Mas a bancada do partido no Senado não concorda com a medida adotada. "Devemos aguardar o resultado da CPI", afirmou Mercadante.
O PT também está dividido quanto aos rumos que tomará no ano que vem, nas eleições presidenciais. Grupos ligados a Marta Suplicy e uma parte do Campo Majoritário (união de correntes internas que detém 42% das cadeiras do Diretório Nacional) querem que o partido abra um amplo arco de alianças na eleição, que incluiria o PMDB. Já setores da chamada esquerda petista, além de outra parte do Campo Majoritário, querem que o partido limite suas alianças aos tradicionais aliados PSB e PC do B.
"O partido do governo não pode entrar em 2006 acéfalo", disse Francisco Campos, secretário-adjunto de Organização do partido. "Texto de consenso só se for sobre a Copa do Mundo", afirmou ele, referindo-se ao documento que o partido pretendia divulgar ainda ontem sobre conjuntura política.
Durante a semana, as tendências internas discutiram as bases do documento, mas não chegaram a um acordo. A reunião de ontem foi a primeira após a posse da nova direção, em outubro. (CONRADO CORSALETTE)


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