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Direção petista
apóia críticas de
Lula à oposição
DA REPORTAGEM LOCAL
Líderes petistas endossaram
ontem as críticas do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva à oposição, comparada por ele a adversários do presidente venezuelano
Hugo Chávez, anteontem. Para os
dirigentes do partido, que se reuniram ontem em São Paulo, há setores do PSDB e do PFL que alimentam o "denuncismo" com
olhos nas eleições de 2006.
"A oposição tem tido uma atitude desequilibrada com o presidente Lula", afirmou Henrique
Fontana (RS), líder do PT na Câmara. Segundo o deputado, "setores da oposição pensaram em golpe, sim", ao ameaçar pedir o impeachment de Lula "sem provas".
"No ambiente em que algumas
denúncias são sérias, se misturam
um conjunto de outras que alimentam o denuncismo com objetivo eleitoral", disse Fontana, que
classificou as declarações de Lula
como uma "proposta de debate
político". "Há setores da oposição
democráticos e responsáveis, mas
é evidente que há setores golpistas", afirmou o líder do governo
no Senado, Aloizio Mercadante.
De acordo com Jilmar Tatto,
terceiro vice-presidente do partido, "existe no Brasil um movimento como na Venezuela de não
aceitar um governo legítimo".
Só o senador Eduardo Suplicy
(SP) discordou de Lula. "Não há
um clima semelhante ao da Venezuela. Inclusive Paulo Skaf tem tido uma boa relação com Lula",
disse, fazendo um paralelo entre o
presidente da Federação das Indústrias de SP e parte do empresariado venezuelano, que apoiou
golpe contra Chávez em 2002.
Se no discurso o PT foi duro
contra seus opositores, nas ações
ainda não chegou a um consenso
sobre como proceder, principalmente no caso do senador tucano
Eduardo Azeredo (MG), beneficiado por esquema de caixa dois
na campanha de 1998.
A Executiva Nacional petista já
aprovou resoluções que recomendam a entrada de uma representação no Conselho de Ética do
Senado contra o parlamentar tucano. Mas a bancada do partido
no Senado não concorda com a
medida adotada. "Devemos
aguardar o resultado da CPI",
afirmou Mercadante.
O PT também está dividido
quanto aos rumos que tomará no
ano que vem, nas eleições presidenciais. Grupos ligados a Marta
Suplicy e uma parte do Campo
Majoritário (união de correntes
internas que detém 42% das cadeiras do Diretório Nacional)
querem que o partido abra um
amplo arco de alianças na eleição,
que incluiria o PMDB. Já setores
da chamada esquerda petista,
além de outra parte do Campo
Majoritário, querem que o partido limite suas alianças aos tradicionais aliados PSB e PC do B.
"O partido do governo não pode entrar em 2006 acéfalo", disse
Francisco Campos, secretário-adjunto de Organização do partido.
"Texto de consenso só se for sobre
a Copa do Mundo", afirmou ele,
referindo-se ao documento que o
partido pretendia divulgar ainda
ontem sobre conjuntura política.
Durante a semana, as tendências internas discutiram as bases
do documento, mas não chegaram a um acordo. A reunião de
ontem foi a primeira após a posse
da nova direção, em outubro.
(CONRADO CORSALETTE)
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