São Paulo, terça-feira, 11 de dezembro de 2007

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Pressão não reverte votos e governo adia de novo CPMF

Até os 46 votos antes garantidos agora são colocados em dúvida, com ausências na base

Planalto decidiu manter negociação por mais um dia e votar amanhã; é preciso ter no mínimo 49 votos para manter imposto do cheque

VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com duas baixas de última hora por alegados motivos de saúde e sem ter ainda os votos necessários para aprovar a prorrogação do chamado imposto do cheque até 2011, o governo vai propor hoje, mais uma vez, o adiamento da votação da CPMF e, com isso, ganhar mais um dia de negociação com os "rebeldes" da base aliada e o PSDB.
O líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR), tentou até a última hora reunir 49 votos -mínimo necessário para aprová-la-, mas, por volta das 19h acertou com o Planalto que a sessão de hoje será apenas para discussão da CPMF. A votação deverá ser amanhã, mesmo dia em que o Senado elege o novo presidente.
Oficialmente, a sessão destinada a votar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) está agendada para as 14h de hoje. Mas, como líder, Jucá tem prerrogativa para postergá-la. Caso não tenha sucesso nas negociações até amanhã, o governo ainda cogita adiar até por mais um dia a votação, que aconteceria na quinta-feira.
Dessa data, porém, ela não poderia passar, já que aí o segundo turno ficaria para o dia 27 -quando o Congresso já estará de recesso-, pondo em risco a prorrogação ainda neste ano. Na contabilidade do Planalto não havia ontem nem mesmo os 46 votos assegurados até então. O governo teve as baixas de Roseana Sarney (PMDB-MA) e Flávio Arns (PT-PR). "Não posso colocar em votação sem dois senadores da base [...] Queremos jogar na bola, não perder de W.O.", disse Jucá.
Roseana está internada no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília. Ela fraturou o pulso esquerdo quando brincava de skate com o neto. O hospital preparou uma cadeira especial caso ela tenha que se locomover às pressas. O suplente só pode votar em caso de licenças superiores a 120 dias.
Arns também está hospitalizado. E não há segurança sobre cinco votos na base: Expedito Júnior (PR-RO), César Borges (PR-BA), Romeu Tuma (PTB-SP), Geraldo Mesquita (PMDB-AC) e Osmar Dias (PDT-PR). O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), criticou o adiamento. "Esse debate tem que ter um ponto definitivo no dia de amanhã [hoje] sob pena de termos um clima de instabilidade nos acordos e problemas de ordem institucional. Temos limites regimentais ", disse. Pouco antes, havia afirmado que "se o governo não tiver os votos não será em um ou dois dias que vai mudar, porque foi incompetência".
Governadores tucanos, como José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), pressionaram a bancada. "Serra acha que seria interessante o entendimento e indagou sobre a possibilidade de retomar as negociações", disse Álvaro Dias (PSDB-PR), que esteve ontem com o governador. A interferência dos governadores deixou o clima tenso. A ofensiva ontem para caçar votos mobilizou até deputados.
O líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR), teve longa conversa com Expedito Filho no plenário. "Devemos ter o voto dele. Com carinho, amizade e muito amor", explicou. Já o deputado Ricardo Barros (PP-PR) foi em busca do voto de Osmar Dias, que foi taxativo: "Tem de haver o dinheiro no Hospital de Clínicas do Paraná". "Se o presidente não puder conversar comigo, que mande outra pessoa que possa falar pelo governo", completou.
O governo ainda espera pelo voto de Jonas Pinheiro (DEM-MT) e Jayme Campos (DEM-MT), pressionados pelo governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), que teria recebido a promessa de renegociação de uma dívida milionária do Estado com a União. O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que caso eles votem a favor da CPMF deverão ser expulsos da sigla.


Colaborou FELIPE SELIGMAN, da Sucursal de Brasília


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