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Pressão não reverte votos e governo adia de novo CPMF
Até os 46 votos antes garantidos agora são colocados em dúvida, com ausências na base
Planalto decidiu manter negociação por mais um dia e votar amanhã; é preciso ter no mínimo 49 votos para manter imposto do cheque
VALDO CRUZ
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com duas baixas de última
hora por alegados motivos de
saúde e sem ter ainda os votos
necessários para aprovar a
prorrogação do chamado imposto do cheque até 2011, o governo vai propor hoje, mais
uma vez, o adiamento da votação da CPMF e, com isso, ganhar mais um dia de negociação com os "rebeldes" da base
aliada e o PSDB.
O líder do governo na Casa,
Romero Jucá (PMDB-RR), tentou até a última hora reunir 49
votos -mínimo necessário para aprová-la-, mas, por volta
das 19h acertou com o Planalto
que a sessão de hoje será apenas para discussão da CPMF. A
votação deverá ser amanhã,
mesmo dia em que o Senado
elege o novo presidente.
Oficialmente, a sessão destinada a votar a PEC (Proposta
de Emenda Constitucional) está agendada para as 14h de hoje.
Mas, como líder, Jucá tem
prerrogativa para postergá-la.
Caso não tenha sucesso nas
negociações até amanhã, o governo ainda cogita adiar até por
mais um dia a votação, que
aconteceria na quinta-feira.
Dessa data, porém, ela não poderia passar, já que aí o segundo
turno ficaria para o dia 27
-quando o Congresso já estará
de recesso-, pondo em risco a
prorrogação ainda neste ano.
Na contabilidade do Planalto
não havia ontem nem mesmo
os 46 votos assegurados até então. O governo teve as baixas de
Roseana Sarney (PMDB-MA) e
Flávio Arns (PT-PR). "Não posso colocar em votação sem dois
senadores da base [...] Queremos jogar na bola, não perder
de W.O.", disse Jucá.
Roseana está internada no
Hospital Sarah Kubitschek, em
Brasília. Ela fraturou o pulso
esquerdo quando brincava de
skate com o neto. O hospital
preparou uma cadeira especial
caso ela tenha que se locomover às pressas. O suplente só
pode votar em caso de licenças
superiores a 120 dias.
Arns também está hospitalizado. E não há segurança sobre
cinco votos na base: Expedito
Júnior (PR-RO), César Borges
(PR-BA), Romeu Tuma (PTB-SP), Geraldo Mesquita (PMDB-AC) e Osmar Dias (PDT-PR).
O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), criticou o adiamento. "Esse debate tem que ter um ponto definitivo no dia de amanhã [hoje]
sob pena de termos um clima
de instabilidade nos acordos e
problemas de ordem institucional. Temos limites regimentais ", disse. Pouco antes, havia
afirmado que "se o governo não
tiver os votos não será em um
ou dois dias que vai mudar, porque foi incompetência".
Governadores tucanos, como
José Serra (SP) e Aécio Neves
(MG), pressionaram a bancada.
"Serra acha que seria interessante o entendimento e indagou sobre a possibilidade de retomar as negociações", disse
Álvaro Dias (PSDB-PR), que esteve ontem com o governador.
A interferência dos governadores deixou o clima tenso.
A ofensiva ontem para caçar
votos mobilizou até deputados.
O líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR), teve longa
conversa com Expedito Filho
no plenário. "Devemos ter o voto dele. Com carinho, amizade
e muito amor", explicou.
Já o deputado Ricardo Barros (PP-PR) foi em busca do voto de Osmar Dias, que foi taxativo: "Tem de haver o dinheiro
no Hospital de Clínicas do Paraná". "Se o presidente não puder conversar comigo, que
mande outra pessoa que possa
falar pelo governo", completou.
O governo ainda espera pelo
voto de Jonas Pinheiro (DEM-MT) e Jayme Campos (DEM-MT), pressionados pelo governador de Mato Grosso, Blairo
Maggi (PR), que teria recebido
a promessa de renegociação de
uma dívida milionária do Estado com a União.
O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que caso
eles votem a favor da CPMF deverão ser expulsos da sigla.
Colaborou FELIPE SELIGMAN, da Sucursal de Brasília
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