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Estado não merece selo da corrupção, diz Hartung
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador do Espírito
Santo, Paulo Hartung (PMDB),
51, afirmou que, apesar das denúncias "gravíssimas" de corrupção no Tribunal de Justiça,
o Estado não merece mais receber o "carimbo" da corrupção,
que teve de 1996 a 2003, quando o presidente da Assembléia
Legislativa na época, José Carlos Gratz (do então PFL), era
considerado o líder do crime
organizado local.
FOLHA - O sr. considera as denúncias de corrupção no Tribunal de Justiça contundentes?
PAULO HARTUNG - O processo está correndo em segredo de Justiça. Nós do governo não temos
nenhum elemento além do que
vocês [imprensa] têm. Vamos
apoiar todo trabalho de investigação. Quem cometeu um erro,
um deslize, quem usou indevidamente um cargo público para
práticas de atos ilícitos tem que
pagar pela responsabilidade,
seja quem for. Antes de 2003, o
Estado estava mergulhado na
corrupção por quase uma década até a nossa eleição. Depois,
quando assumimos, nós avançamos muito.
FOLHA - Teme um retrocesso?
HARTUNG - Não. Eu vejo uma
crise como essa como uma
grande oportunidade para o
Estado dar um passo nessa caminhada, no sentido da reorganização do Estado e da implantação completa dos valores democráticos e dos valores republicanos. Não quero que nenhum inocente seja condenado, mas não quero que ninguém que cometeu um erro
usando uma função pública importante não pague pelo seu erro. O que está em jogo é venda
de sentenças. Isso é gravíssimo.
FOLHA - No processo, o Superior
Tribunal de Justiça chama o Tribunal
de Justiça de "balcão de negócios". É
possível reverter essa situação?
HARTUNG - É uma oportunidade para a instituição. Como era
chamado o governo do Espírito
Santo antes de eu tomar a posse? Hoje, o Estado é visto com
outros olhos, com admiração.
Eu acho que a Justiça capixaba
deve ter uma ação de resposta
proporcional ao que a investigação está mostrando.
FOLHA - A imagem do Espírito Santo pode ser prejudicada?
HARTUNG - Eu acho a imagem
do Estado muito forte. Os indicadores que o Estado conquistou e reconquistou nesse período são extraordinários. Se você
olhar, os 27 Estados, na área de
desvios, tem muita coisa para
fazer em todos. Vamos ter claro
isso, senão a gente cria um carimbo para o Espírito Santo
que não é compatível com que
está se vivendo agora.
FOLHA - O Espírito Santo, agora,
pode reviver no Judiciário o que já
ocorreu no Legislativo?
HARTUNG - Você não precisa me
perguntar isso. Não tem cabimento. É outra história, é outro
tempo. Nós queremos avançar.
O que não pode é ter conivência, querer jogar o lixo para debaixo do tapete. O Espírito Santo abdicou de práticas desse tipo quando eu fui eleito em
2003. Não se pode criar um "selo" para o Estado porque é pequeno, porque aí não é justo.
Estamos lutando muito aqui.
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