São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Meu querido Michel

A sugestão, feita ontem por Lula, de que o PMDB indique três nomes para vice de Dilma Rousseff, pôs em estado de alerta o comando do partido. Pré-Arrudagate, no qual um dos implicados acusou cardeais peemedebistas de se beneficiarem do propinoduto candango, o presidente jamais havia dito que o PMDB tem "todo o direito" de exigir a vaga, mas não de "impor" o nome. Até então, Michel Temer era quase consenso.
Agora, sobe a cotação do recém-filiado Henrique Meirelles, um estrangeiro na sigla. Mas e se o PMDB "real" não topar? Um petista enfronhado na campanha de Dilma sugere que, com as balas que a PF tem na agulha, não será tão difícil convencer a cúpula da sigla a se sentir "representada" pelo presidente do BC.




Incompatibilidade. Ao defender a lista tríplice, Lula afirmou que "é que nem casamento". Quem conhece Dilma sabe que a ministra até pode vir a aceitar, em caso de necessidade, mas jamais quis "se casar" com Temer.

Paralelo. Cobrado pela decisão do DEM de preservar o vice de Arruda, José Agripino disparou: "Por enquanto, a acusação ao Paulo Octávio está no mesmo nível da que foi feita a Michel Temer, também citado nas gravações".

Leva... A costura que levou Arruda a pedir desfiliação do DEM teve participação direta de Roberto Brant, ex-deputado "demo" que sucumbiu no mensalão petista, e do tucano Pimenta da Veiga, muito próximo do governador.

...e traz. Os primeiros sinais de que Arruda tomaria a iniciativa chegaram pela manhã à cúpula do DEM. Mas o martelo só foi batido quando o governador soube do teor devastador do despacho da ministra Cármen Lúcia contra seu pedido de socorro ao TSE.

À flor da pele. Minutos após comunicar à cúpula do DEM que deixaria o partido, Arruda soube que Paulo Octávio já havia colocado a informação para circular. Irado, pegou o telefone e falou toda sorte de palavrões sobre o vice para os cardeais da sigla.

Aspirinas. À espera da confirmação de Arruda, o deputado ACM Neto resolveu pedir remédio para dor de cabeça.

Fronteiras. O deputado Flávio Dino (PC do B-MA) entrou ontem com uma ação na Procuradoria da República contra o projeto do modelo de partilha do pré-sal, aprovado anteontem na Câmara. Ele reclama que o conceito de "município confrontante" (leia-se, vizinho ao poço) que terá mais recursos dos royalties não existe na Constituição.

Abacaxi. Tirou o sono da cúpula do Senado a notícia de que a Câmara aprovou um reajuste para os seus servidores, mas que a medida precisa do aval da Casa vizinha para entrar em vigor. Senadores temem por um levante de funcionários da Casa reivindicando as mesmas condições, o que não seria viável depois da promessa de ajuste nas contas pós-crise dos atos secretos.

Estranho no ninho. A passagem de FHC por Washington atiçou diplomatas do eixo tucano-clintonista. Ele esteve com Jeffrey Davidow, ex-número um de Bill Clinton para as Américas, Tony Harrington, ex-embaixador no Brasil, Roberto Abdenur, ex-embaixador nos EUA, e Thomas Shannon, nomeado por Obama para Brasília.

Time. Em sintonia com o PMDB pró-Dilma, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior, aderiu à ala que defende a chapa de Francisco Rossi contra a corrente serrista de Orestes Quércia na eleição pela presidência do PMDB paulista.

Visita à Folha. Delfim Netto, professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da USP, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Gustavo Silveira, assessor.


com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

O dito popular agora virou: "há malas que vão para o DEM".

Do deputado CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), filosofando a respeito do escândalo que atinge o governo do Distrito Federal.

Contraponto

Efeito Durval

O deputado Rodrigo Maia caminhava pelo Salão Azul do Senado, na noite de anteontem, quando chegou uma jornalista que, entre uma pergunta e outra sobre a crise no DEM, contou ao presidente da sigla que voltara ao Congresso pois, na correria do trabalho, havia esquecido a bolsa e agora iria procurá-la.
-Nossa! Com tudo dentro?- quis saber o deputado.
-Tudo: documentos, cartões de crédito, dinheiro, chaves, agenda...- respondeu a desolada repórter.
A despeito da má fase, Maia não perdeu a piada:
-Olha, eu até ofereceria um dinheirinho para o ônibus. Mas, do jeito que as coisas estão, não pegaria bem...


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