São Paulo, sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

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No Maranhão, Lula defende aliança com quem tem voto

Presidente critica resistência do PT a aliança com o PMDB no reduto de Sarney

"Eu não quero saber se o prefeito João Castelo é do PSDB, se é do PFL... Eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra", diz Lula


MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS

No momento em que correntes do PT se digladiam em alguns Estados diante da resistência de alas do partido à aliança nacional com o PMDB e seu impacto regional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou sua passagem ontem pelo Maranhão, reduto dos Sarney, para reiterar a importância do pacto com os peemedebistas e pregou a necessidade de pragmatismo político.
"Tem que conversar com quem tem voto. Não se trata de ter amigos ou não ter amigos.
Não se trata de ter afinidade ideológica ou não ter afinidade ideológica. Se trata do pragmatismo da governança", disse em entrevista às rádios Mirante (do grupo Sarney) e Educativa. Lula se referia à necessidade de alianças para ter maioria no Congresso.
Mais tarde, na cerimônia de assinatura de convênios do programa Minha Casa, Minha Vida, Lula enalteceu seu próprio pragmatismo: "Eu não quero saber se o prefeito João Castelo [de São Luís] é do PSDB, se é do PFL... Eu quero saber é se o povo tá na merda e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra". Diante de risos e aplausos, Lula disse que "comentaristas" da imprensa iriam repreendê-lo por ter dito um "palavrão".
Lula afirmou "que o PMDB tem todo o direito de exigir a vice" numa chapa liderada por Dilma Rousseff (PT) e sugeriu que o partido, em março, prepare uma lista tríplice e apresente à ministra da Casa Civil para que ela escolha um nome.
"Você não pode empurrar para ela alguém que não tenha afinidade com ela, porque aí será a discórdia total." Ele prometeu não interferir na escolha. Dilma fez parte da comitiva e discursou em todos os eventos, reiterando o tom plebiscitário que Lula quer levar à campanha, comparando sua gestão com a de FHC, a quem chamou ontem de "gente da fina flor".
Ainda sobre a política de alianças, Lula criticou a resistência do PT local a uma união com o PMDB do clã Sarney: "O PT já tem uma história no Maranhão. O PT não tem que inventar mais nada. Quem quer fazer política com o pé no chão, que faça. Quem quiser ficar na estratosfera, que fique".
Na única menção que fez ao senador José Sarney, Lula disse que o peemedebista governou com maioria quando presidente, "e mesmo assim comeu o pão que o diabo amassou, porque o principal adversário dele era o próprio PMDB".
Sarney se encontrou com o presidente apenas no último evento da viagem ao Maranhão, na refinaria Alumar. Conversaram enquanto visitavam as instalações. Depois, sentaram lado a lado no palco.

Assista ao vídeo do discurso de Lula

www.folha.com.br/093443


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