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No Maranhão, Lula defende aliança com quem tem voto
Presidente critica resistência do PT a aliança com o PMDB no reduto de Sarney
"Eu não quero saber se o prefeito João Castelo é do PSDB, se é do PFL... Eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra", diz Lula
MALU DELGADO
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS
No momento em que correntes do PT se digladiam em alguns Estados diante da resistência de alas do partido à
aliança nacional com o PMDB e
seu impacto regional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
aproveitou sua passagem ontem pelo Maranhão, reduto dos
Sarney, para reiterar a importância do pacto com os peemedebistas e pregou a necessidade
de pragmatismo político.
"Tem que conversar com
quem tem voto. Não se trata de
ter amigos ou não ter amigos.
Não se trata de ter afinidade
ideológica ou não ter afinidade
ideológica. Se trata do pragmatismo da governança", disse em
entrevista às rádios Mirante
(do grupo Sarney) e Educativa.
Lula se referia à necessidade de
alianças para ter maioria no
Congresso.
Mais tarde, na cerimônia de
assinatura de convênios do
programa Minha Casa, Minha
Vida, Lula enalteceu seu próprio pragmatismo: "Eu não
quero saber se o prefeito João
Castelo [de São Luís] é do
PSDB, se é do PFL... Eu quero
saber é se o povo tá na merda e
eu quero tirar o povo da merda
em que ele se encontra". Diante
de risos e aplausos, Lula disse
que "comentaristas" da imprensa iriam repreendê-lo por
ter dito um "palavrão".
Lula afirmou "que o PMDB
tem todo o direito de exigir a vice" numa chapa liderada por
Dilma Rousseff (PT) e sugeriu
que o partido, em março, prepare uma lista tríplice e apresente à ministra da Casa Civil
para que ela escolha um nome.
"Você não pode empurrar para
ela alguém que não tenha afinidade com ela, porque aí será a
discórdia total." Ele prometeu
não interferir na escolha.
Dilma fez parte da comitiva e
discursou em todos os eventos,
reiterando o tom plebiscitário
que Lula quer levar à campanha, comparando sua gestão
com a de FHC, a quem chamou
ontem de "gente da fina flor".
Ainda sobre a política de
alianças, Lula criticou a resistência do PT local a uma união
com o PMDB do clã Sarney: "O
PT já tem uma história no Maranhão. O PT não tem que inventar mais nada. Quem quer
fazer política com o pé no chão,
que faça. Quem quiser ficar na
estratosfera, que fique".
Na única menção que fez ao
senador José Sarney, Lula disse
que o peemedebista governou
com maioria quando presidente, "e mesmo assim comeu o
pão que o diabo amassou, porque o principal adversário dele
era o próprio PMDB".
Sarney se encontrou com o
presidente apenas no último
evento da viagem ao Maranhão,
na refinaria Alumar. Conversaram enquanto visitavam as instalações. Depois, sentaram lado
a lado no palco.
Assista ao vídeo do
discurso de Lula
www.folha.com.br/093443
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