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Procuradoria dará sequência a ação da PF
Operação Castelo de Areia resultou em pedidos de 18 novas investigações ligadas a políticos supostamente beneficiados por empreiteira
Divisão do caso em várias frentes é necessária porque os políticos citados -como deputados e senadores-possuem foro privilegiado
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As Procuradorias do Ministério Público Federal e dos Estados vão dar sequência às investigações iniciadas na Operação Castelo de Areia da Polícia
Federal sobre supostas propinas ou doações eleitorais ilegais da construtora Camargo
Corrêa a senadores, deputados,
vereadores, membros de tribunais de contas, promotores de
Justiça, policiais civis e dirigentes de estatais.
A PF deflagrou a operação
em março passado, a princípio
com o objetivo de apurar crimes financeiros que teriam sido cometidos por executivos da
empreiteira em conjunto com
doleiros. Porém, o relatório final do caso concluído pela PF
em novembro levou a Procuradoria da República em São Paulo a preparar 18 representações
a outros órgãos com a indicação
de provas ou indícios que podem resultar em novos inquéritos ou processos penais.
A ampliação dos alvos da investigação ocorreu porque as
ações de busca e apreensão nos
escritórios e casas de diretores
da construtora permitiram o
recolhimento de centenas de
planilhas, manuscritos e outros
papéis com nomes de políticos
e autoridades relacionados a
obras públicas e altas cifras.
O relatório da PF indica necessidade de aprofundamento
das apurações. Há casos em que
há mais evidências e um detalhamento maior sobre operações de pagamento. Porém, há
situações que exigem processos investigativos mais complexos, segundo autoridades envolvidas no inquérito.
A autora das representações,
a procuradora da República
Karen Louise Jeanette Kahn,
desmembrou o caso porque a
lei determina que ela não pode
ser responsável pela acusação
de autoridades com prerrogativa de foro, como senadores, e
não pode cuidar de casos relativos às esferas dos Estados.
A Procuradoria-Geral da República, órgão da cúpula do Ministério Público, recebeu o
maior número de representações: sete. A Procuradoria vai
analisar as suspeitas levantadas sobre os senadores Inácio
Arruda (PC do B-CE) e Renato
Casagrande (PSB-ES), pelo suposto envolvimento em irregularidades nas construções do
metrô de Fortaleza e do aeroporto de Vitória, respectivamente. O diretor da Eletronorte, Adhemar Palocci, irmão do
deputado Antonio Palocci (PT-SP), também consta de representação endereçada ao órgão.
Também está sob a responsabilidade da Procuradoria-Geral a avaliação sobre indícios
encontrados em relação aos deputados federais Valdemar
Costa Neto (PR-SP) -que é réu
no processo do mensalão- e
Edson Aparecido (PSDB-SP).
Seis das novas representações foram encaminhadas para
a Procuradoria-Geral de Justiça de SP, órgão do topo da hierarquia do Ministério Público
paulista. A instituição cuidará
das apurações sobre o suposto
pagamento de propinas ao secretário municipal de Habitação de São Paulo, Elton Zacarias, ao presidente da Câmara
Municipal, Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP) e ao vereador
Toninho Paiva (PR-SP).
A construtora e os suspeitos
negam as acusações.
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