São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Ex-membros do governo têm direito a mais quatro meses de salário

Só 5 ex-ministros pedem quarentena

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apenas cinco dos 25 ministros e secretários do governo Fernando Henrique Cardoso ingressaram na quarentena com salários -entre R$ 7.000 e R$ 8.000- pagos pelo Tesouro: Pratini de Moraes (Agricultura), Pedro Malan (Fazenda), José Cechin (Previdência), Juarez Quadros (Comunicações) e Francisco Gomide (Minas e Energia).
Somando-se a esse conjunto o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel sobe para sete o número de integrantes da alta administração federal que exercerão o direito de contar, durante quatro meses depois de deixarem seus cargos, com salários pagos pelo Tesouro.
Se todos os 48 ex-integrantes da equipe do governo FHC exercessem o direito, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva precisaria de cerca de R$ 1,4 milhão para pagar seus salários.
Entre os ministros, dos quais quatro a Folha não conseguiu localizar, três vão integrar governos estaduais, quatro darão aulas em universidades, dois ingressarão em organismos internacionais, dois voltaram às carreiras que seguiam antes. Outros dois estão indecisos, um trabalhará como consultor em sua própria empresa, outro aguarda nomeação para assumir uma embaixada no exterior e somente um já anunciou publicamente a opção pela iniciativa privada.
A quarentena proíbe que um ex-integrante dos primeiros escalões do governo exerça atividade no ramo em que trabalhava na administração pública. O peso maior, no entanto, é a proibição permanente, esta abrangendo 788 integrantes e ex-integrantes dos quadros federais, de ingressar em qualquer atuação profissional que se relacione com decisões ou processos dos quais tenham participado no governo.
Nos dois últimos meses, a Comissão de Ética Pública, que zela pela conduta dos integrantes da alta administração federal, recebeu 12 consultas de ex-ministros. Dois integrantes foram dispensados da quarentena.
Um deles é o ex-ministro da Casa Civil Pedro Parente, que tornou pública sua opção profissional de aceitar o convite para assumir, a partir de 1º de fevereiro, a vice-presidência do grupo gaúcho RBS (Rede Brasil Sul de Comunicação). O outro a comissão não revelou o nome.

Convites
Convicto de sua quarentena, o ex-secretário da Receita Everardo Maciel disse não a pelo menos cinco convites para comandar as finanças de governo estaduais.
O ex-ministro da Educação Paulo Renato de Souza abriu uma empresa de consultoria. Economista, sua preferência, pela experiência de anos de trabalho, era ficar na área de educação.
Mas Souza seguirá a recomendação da Comissão de Ética: em educação, ele só poderá atuar em organismos internacionais. "Vou trabalhar com o BID [Bando Interamericano de Desenvolvimento" e com o Banco Mundial", disse o ex-ministro à Folha.
Fazem parte do bloco dos indecisos o ex-secretário de Comunicação da Presidência João Roberto Vieira da Costa, e o ex-secretário geral de FHC Euclides Scalco.
Em férias em uma praia, Costa ainda não decidiu se entrará na quarentena remunerada. Há comentários no mercado de que ele estuda a possibilidade de ingressar, a partir de junho, nos quadros da Organização Mundial da Saúde, mudando-se para Genebra.
Já Scalco nem sequer sabia ter direito ao salário de ministro por mais quatro meses. "Estou em férias. Foi bom você ter me informado sobre isso. Vou procurar a Comissão de Ética."


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