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SBPC afirma que críticas não são "individuais"
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da SBPC (Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência), Ennio Candotti, 61, disse ontem
que as críticas que a entidade
faz à área de ciência e tecnologia do governo Lula não se
restringem ao desempenho
de Roberto Amaral no ministério. Ele se diz preocupado com o modo pelo qual as
principais autoridades encaram o setor, destacando os
cortes orçamentários ordenados pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
"Deixaram-no [o ministro] em dificuldades", disse
Candotti. "As questões que
levantamos são complexas,
não dizem respeito a um ou
outro indivíduo, mas sim à
política de desenvolvimento
da ciência e da tecnologia."
Candotti disse que a comunidade científica ficou
"surpresa" com declaração
recente do ministro do Planejamento, Guido Mantega.
Segundo o cientista, Mantega disse em público desconhecer que os fundos setoriais -onde R$ 800 milhões
foram contingenciados no
orçamento de 2004, ou 50%
do total- eram formados
por recursos privados.
"Isso mostrou que, apesar
de seis meses de cobranças
nossas, a questão nem sequer havia sido discutida
com o alto escalão do governo", disse Candotti.
Na última sexta-feira, antes das críticas de Amaral à
comunidade científica, a notícia da sua saída foi recebida
com irônico otimismo por
Rogério Cezar de Cerqueira
Leite, professor emérito da
Unicamp e membro do conselho editorial da Folha:
"Mesmo que seja colocado
alguém que não é especialista, pior que esse aí não vai
ser. (...) Qualquer mudança
agora é para melhor."
Cerqueira Leite não acredita que a saída do ministro,
que é do PSB, tenha sido feita para ceder a pasta ao
PMDB. "Não foi jogo político, não", afirma. "Nesse caso
foi por ineficiência mesmo."
Para Candotti, a troca na
chefia do ministério pode
propiciar uma evolução.
"Acho que teremos um novo
ciclo de discussões sobre política de C&T, um que preserve os acertos e corrija os
erros."
(RUBENS VALENTE e SALVADOR NOGUEIRA)
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