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DANÇA DOS MINISTROS
Demissionário afirma que área de ciência e tecnologia "tem anéis de poder onde não se mexe há anos"
Amaral diz que cai por contrariar interesses
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro demissionário Roberto Amaral (Ciência e Tecnologia) atribuiu sua saída do governo
a "interesses contrariados" na comunidade científica. "Essa é uma
área em que não se mexe há anos,
criaram-se anéis de poder", disse.
O ministro não quis especificar
a que setores se referia: "Pessoas,
grupos que controlavam verbas
universitárias havia muito tempo". Solicitado a citar um caso
concreto de interesse contrariado,
Amaral citou a descentralização
do Pronex (Programa de Apoio a
Núcleos de Excelência).
"Há pessoas, grupos, que controlavam verbas universitárias
havia muito tempo. Nós estamos
fazendo um processo de federalização da ciência e tecnologia. Há
pessoas que não compreendem
isso", afirmou, sem citar nomes.
O ministro colocou o cargo à
disposição do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva na sexta-feira
passada e aguarda a volta do presidente sem muita expectativa de
permanecer no cargo. Mas nega
que o líder do PSB na Câmara, deputado Eduardo Campos (PE),
esteja escolhido para substituí-lo.
Na audiência com Lula, o presidente autorizou Amaral a lançar
um programa de bolsas de doutorado e mestrado. Após dez anos
de congelamento, elas serão reajustadas a partir de 1º de fevereiro
em 18%. Serão também concedidas mil novas bolsas, 30% das
quais para Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
O programa também prevê a
concessão de um adicional para
os bolsistas de doutorado para o
treinamento de professores de física, química e matemática de escolas públicas do ensino médio. O
ministro pretende lançar o programa amanhã.
Após a conversa com Lula,
Amaral evitou criticar seu partido, o PSB, que lhe retirou o apoio,
e a reforma ministerial. Sua saída
sempre foi dada como certa.
"O problema não é a reforma
nem a política de reforma. É a forma como a imprensa trata a reforma. Como ela tem tratado, no caso, a tentativa de desestabilizar
ministros", disse.
Amaral acredita que foi vítima
de uma campanha de desestabilização, mas não culpa a comunidade acadêmica como um todo.
"Eu não confundo um dirigente
[ou líder sindical] ou uma entidade representativa da comunidade
científica com a comunidade",
disse.
Reforma
Lula discutiu a reforma ministerial no sábado com os ministros
Antonio Palocci (Fazenda), José
Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) e
Luiz Dulci (Secretaria Geral), e o
presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (PT-SP), o presidente do
PT, José Genoino (SP), e o líder do
governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Na reunião, foram discutidos
vários cenários. Ontem à noite,
Dirceu, Genoino e Mercadante
deveriam se reunir com a cúpula
do PMDB para acertar os nomes
do partido, provavelmente dois,
para a reforma, que deve ser
anunciada na quinta-feira, na volta de Lula do México.
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