|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PERFIL
Casaldáliga foi punido pelo papa por declarações
DA AGÊNCIA FOLHA
D. Pedro Casaldáliga nasceu
em 1928, em Barcelona (Espanha). Aos 16 anos, ingressou na
Congregação dos Claretianos.
Chegou à Amazônia há 35
anos com o objetivo de catequizar a população local. Ele é
um dos fundadores dos órgãos
ligados à igreja que atuam nas
questões agrária e indígena no
país, respectivamente a CPT
(Comissão Pastoral da Terra) e
o Cimi (Conselho Indigenista
Missionário).
Casaldáliga se notabilizou
nos anos do regime militar ao
defender temas polêmicos e ligados aos ideais da militância
de esquerda, em especial a reforma agrária e a homologação
das terras indígenas.
Desde que chegou ao Brasil,
Casaldáliga é bispo da prelazia
(jurisdição) de São Félix do
Araguaia, que ocupa uma área
de 150 mil km2 na Amazônia
Legal brasileira. São Félix do
Araguaia fica a 1.176 km a nordeste de Cuiabá.
Em 1988, Casaldáliga foi punido pelo Vaticano com o "silêncio obsequioso" pelo período de três meses. A punição se
deveu às constantes declarações favoráveis à reforma agrária e aos direitos dos índios.
Ele também viajou à Nicarágua, a El Salvador e a outros
países da América Latina que,
na época, eram tidos como politicamente radicalizados.
Casaldáliga desrespeitava
abertamente a norma canônica
das visitas "ad limina". Pelo
Código de Direito Canônico,
todos os bispos devem visitar o
papa de cinco em cinco anos.
Na época, ele disse considerar
as visitas "um desperdício sem
sentido de recursos e tempo da
igreja".
De acordo com a punição, ele
não poderia mais dar entrevistas, viajar pela América Latina,
fazer conferências sem autorização e escrever sem passar por
censura prévia, além de ter que
acatar as normas canônicas sobre as visitas "ad limina".
Em 1999, o bispo publicou a
"Declaração de Amor à Revolução Total de Cuba", em que
elogia alguns pontos de melhoria social alcançados pelo governo cubano desde a revolução de 1959.
Em fevereiro do ano passado,
quando completou 75 anos de
idade, Casaldáliga pediu aposentadoria. Agora espera pela
indicação de um substituto.
O bispo tem recebido ameaças de morte por meio de telefonemas. Sua casa chegou a ser
pichada com ameaças. Haveria
um prêmio de R$ 60 mil pela
morte do religioso.
(TGO)
Texto Anterior: Entrevista da 2ª D. Pedro Casaldáliga: Bispo defende homologação de terra contínua para índios Próximo Texto: Frase Índice
|