São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2004

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PERFIL

Casaldáliga foi punido pelo papa por declarações

DA AGÊNCIA FOLHA

D. Pedro Casaldáliga nasceu em 1928, em Barcelona (Espanha). Aos 16 anos, ingressou na Congregação dos Claretianos.
Chegou à Amazônia há 35 anos com o objetivo de catequizar a população local. Ele é um dos fundadores dos órgãos ligados à igreja que atuam nas questões agrária e indígena no país, respectivamente a CPT (Comissão Pastoral da Terra) e o Cimi (Conselho Indigenista Missionário).
Casaldáliga se notabilizou nos anos do regime militar ao defender temas polêmicos e ligados aos ideais da militância de esquerda, em especial a reforma agrária e a homologação das terras indígenas.
Desde que chegou ao Brasil, Casaldáliga é bispo da prelazia (jurisdição) de São Félix do Araguaia, que ocupa uma área de 150 mil km2 na Amazônia Legal brasileira. São Félix do Araguaia fica a 1.176 km a nordeste de Cuiabá.
Em 1988, Casaldáliga foi punido pelo Vaticano com o "silêncio obsequioso" pelo período de três meses. A punição se deveu às constantes declarações favoráveis à reforma agrária e aos direitos dos índios.
Ele também viajou à Nicarágua, a El Salvador e a outros países da América Latina que, na época, eram tidos como politicamente radicalizados.
Casaldáliga desrespeitava abertamente a norma canônica das visitas "ad limina". Pelo Código de Direito Canônico, todos os bispos devem visitar o papa de cinco em cinco anos. Na época, ele disse considerar as visitas "um desperdício sem sentido de recursos e tempo da igreja".
De acordo com a punição, ele não poderia mais dar entrevistas, viajar pela América Latina, fazer conferências sem autorização e escrever sem passar por censura prévia, além de ter que acatar as normas canônicas sobre as visitas "ad limina".
Em 1999, o bispo publicou a "Declaração de Amor à Revolução Total de Cuba", em que elogia alguns pontos de melhoria social alcançados pelo governo cubano desde a revolução de 1959.
Em fevereiro do ano passado, quando completou 75 anos de idade, Casaldáliga pediu aposentadoria. Agora espera pela indicação de um substituto.
O bispo tem recebido ameaças de morte por meio de telefonemas. Sua casa chegou a ser pichada com ameaças. Haveria um prêmio de R$ 60 mil pela morte do religioso. (TGO)


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