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CARGA TRIBUTÁRIA
Compensação a exportador fica limitada; empresas protestam
RS vincula crédito do ICMS
ao pagamento de impostos
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA
Um decreto do governo do Rio
Grande do Sul que restringe a
transferência dos créditos de
ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços) pelas
empresas exportadoras acirrou as
divergências entre o governador
Germano Rigotto (PMDB) e empresários do Estado, que ameaçam recorrer à Justiça contra a
nova regra tributária.
A nova medida obriga as empresas a usar os créditos gerados
com exportações para pagar impostos e não para pagar insumos e
matérias-primas.
Esses créditos são repasses do
governo estadual aos exportadores em decorrência da Lei Kandir,
que visa a baratear as exportações
com a isenção de ICMS para produtos primários e semi-elaborados. Para compensar os Estados
que deixam de arrecadar o tributo, a União "indeniza" parcialmente os governos através de um
fundo de compensação.
Na prática, o Estado receberá de
volta parte do valor repassado aos
empresários, pois arrecadará a
quantia em forma de tributos.
Por exemplo, o empresário que
exporta calçados e, pela lei, fica
isento de pagamento de ICMS sobre o produto vendido para o exterior, recebe créditos pelos pagamentos feitos nas etapas anteriores à venda. Antes da lei, o industrial poderia usar o valor dos créditos para comprar couro, hoje,
terá de pagar impostos com o dinheiro recebido.
A compensação estabelecida
com a Lei Kandir provocou um
embate entre os Estados e a União
e foi um dos principais entraves
para a votação do Orçamento da
União para 2005.
Pressionado, o governo federal
assegurou R$ 5,2 bilhões no Orçamento para compensar os Estados exportadores. À época da votação do Orçamento, Rigotto e
outros governadores reivindicavam R$ 9,1 bilhões -metade do
valor da renúncia fiscal calculada
por eles no ano de 2004.
O coordenador do Confaz (conselho que reúne os secretários de
Fazenda dos Estados), Albérico
Mascarenhas, afirmou ontem que
a maioria dos Estados não têm
condições financeiras para ressarcir seus exportadores.
Protesto
O protesto de empresários gaúchos tem o aval da Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do
Rio Grande do Sul), que reclama
ter sido ignorada pelo governo estadual na negociação das novas
regras tributárias.
Anteontem, empresários do setor calçadista fizeram uma manifestação em frente ao Palácio Piratini (sede do governo gaúcho).
"Sempre tivemos um relacionamento civilizado com o governo,
tanto com o PT, anteriormente,
quanto com o PMDB, agora, e o
mínimo que se espera é que sejamos chamados para uma negociação", disse o presidente da
Fiergs, Renan Proença.
Para ele, a medida "foi um equívoco e, do ponto de vista técnico,
uma medida perigosa. Há empresas preocupadas até com a manutenção das suas unidades no Estado", disse.
O governo do Rio Grande do
Sul informa que, com a deficiência na compensação da desoneração das exportações, deixou de receber R$ 3,3 bilhões no ano passado. O volume de créditos de ICMS
acumulados das exportadoras
gaúchas é de cerca de R$ 1 bilhão.
O presidente da Fiergs afirma
que foi estipulado prazo até o dia
18 para o governo gaúcho sinalizar a remodelação da medida. Do
contrário, os industriais deverão
ir à Justiça.
O secretário da Casa Civil do governo gaúcho, Alberto Oliveira,
descartou a possibilidade de revogar o decreto, mas disse que o governo gaúcho está disposto a se
reunir com a Fiergs e com representantes do setor calçadista no
Estado para debater o assunto.
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