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Líder tucano anuncia apoio a petista e abre crise no PSDB
Jutahy diz que bancada votará em Chinaglia para a Câmara e é contestado por colegas
Decisão de deputado atende a interesses de Serra e Aécio
e vai contra as posições de Alckmin e FHC, que pregam atitude mais firme contra PT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM VITÓRIA
O líder do PSDB na Câmara,
Jutahy Júnior (BA), anunciou
ontem o apoio formal da bancada do partido ao petista Arlindo
Chinaglia (SP) na disputa pela
presidência da Casa. O anúncio
gerou crise entre os tucanos.
A ação do PSDB, contudo, foi
coordenada com o aval dos dois
principais governadores da sigla, José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). O acordo foi costurado com os petistas em três pontos: 1) afilhado político de Aécio, o deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG) deve assumir
a vice-presidência da Casa; 2) o
PT se comprometeu a não atrapalhar Serra a eleger o presidente da Assembléia de SP; 3) o
governador Jaques Wagner
(PT-BA) apoiaria o candidato
de Jutahy para dirigir a Assembléia baiana e definiu uma disputa interna do PSDB.
Politicamente, o fato de o
PSDB dar uma manifestação
pró-Chinaglia enfraquece ainda mais as articulações de Aldo
Rebelo (PC do B-SP) para se
reeleger e consolida o favoritismo do petista na eleição.
O anúncio, no entanto, provocou protestos de tucanos alinhados ao ex-governador Geraldo Alckmin e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "O Jutahy não vai ao cinema sem a autorização do Serra", disse o deputado federal
eleito José Aníbal (SP), hoje
mais próximo do ex-governador Geraldo Alckmin. Fernando Henrique Cardoso também
teria manifestado contrariedade com o apoio.
O líder do PSDB, por sua vez,
afirma ter apenas "informado"
a decisão a Serra. Segundo ele, o
temor era de que o partido fosse "atropelado" no processo de
escolha após o anúncio do
PMDB em favor de Chinaglia.
Serra nega ter sido consultado sobre o teor da decisão. Aécio Neves está fora do país.
Princípios
Ao anunciar o apoio, Jutahy
justificou a opção dizendo estar
respeitando o princípio da proporcionalidade, pelo qual a
maior bancada tem o direito de
presidir a Casa. Segundo ele,
como o PMDB abriu mão de
disputar o cargo para apoiar o
PT, não há razão para se opor.
"O PSDB está mantendo a
tradição e a coerência no Parlamento. Estamos cumprindo o
princípio da proporcionalidade, que irá criar um ambiente
de distensionamento na Câmara", disse Jutahy ao fazer o
anúncio em Vitória (ES), onde
passa férias. A decisão sobre o
rumo do PSDB só seria anunciada na véspera da eleição
-dia 1º de fevereiro-, mas foi
inesperadamente antecipada.
Jutahy, que transferirá o cargo no dia 30 para Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse ter
consultado a bancada por telefone. O PSDB elegeu 66 federais. Ele não informou quantos
deputados foram contatados,
mas disse, em Vitória, que a decisão refletia 100% da bancada.
"Eu não fui consultado. Outros não devem ter sido", disse
Vanderlei Macris (SP). Gustavo
Fruet (PR) reclamou da "forma
e do momento" da decisão. "O
PSDB está fazendo a defesa de
um rolo compressor." Líder do
PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM) também criticou: "Se
eu fosse deputado, escolheria o
Aldo por não concordar com as
forças que o petista encarna".
Vôo
Após receber um telefonema
de Jutahy avisando da decisão,
Chinaglia fretou um jatinho e
seguiu para a capital capixaba.
Em vitória, ele e Jutahy chegaram no mesmo carro para o
evento do anúncio de apoio.
"Esta decisão é um exemplo
para a sociedade, mostra responsabilidade da Câmara com
o apoio dos partidos, com as
maiores bancadas. Será uma
campanha suprapartidária",
disse. E continuou: "Esta decisão não representa nenhum favor ou acordo com o governo".
O apoio do PSDB deu ainda
mais força à candidatura de
Chinaglia, que já contava com o
aval do PMDB (90 deputados
eleitos) e do PT (83 deputados).
(SILVIO NAVARRO, LETÍCIA SANDER, CATIA SEABRA, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E VINÍCIUS BAPTISTA)
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