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Aldo não recua e diz que "voto se colhe na urna, não no cacho"
Presidente da Câmara conta com dissidência de membros de partidos que declararam preferência por Arlindo Chinaglia
Tarso, que continuará a "acompanhar o processo", diz que falou com Lula e o
presidente afirmou que não irá pedir que Aldo desista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Mesmo após sofrer o segundo revés na semana, o presidente da Câmara e candidato à
reeleição, Aldo Rebelo (PC do
B-SP), reafirmou que segue na
disputa e comparou sua situação ao cerco de Stalingrado.
"O cerco de Stalingrado durou bastante tempo, até que em
determinado momento deixou
de existir, porque a resistência
era muito grande", disse. "Eu
creio que esta operação Barbarossa [invasão da União Soviética pela Alemanha, em 1941, na
Segunda Guerra Mundial] vai
encontrar sua Stalingrado [batalha em 1942-3, vencida pelos
soviéticos] no dia 1º de fevereiro", completou, referindo-se à
votação em plenário.
Aldo foi comunicado oficialmente do apoio da bancada do
PSDB ao rival Arlindo Chinaglia (PT-SP) por meio de um telefonema do líder tucano, Jutahy Júnior (PSDB-BA). O comunista, porém, deixou claro
que conta com votos dentro da
bancada do PSDB.
"Eu nunca cogitei recuar ou
abandonar minha candidatura,
muito menos agora. Creio que o
voto se colhe na urna, e não em
cacho, como banana."
Na terça-feira, a maioria da
bancada do PMDB já optara pelo apoio a Chinaglia. Enfraquecido, Aldo se apega cada vez
mais às dissidências nas bancadas. Aposta que, no voto secreto, tem chances de vitória. Segundo ele, há muitos parlamentares que "protegem sua
convicção" de "ataques especulativos" - por isso não declararam voto nele até agora.
Planalto
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ontem que falou por telefone com
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e que não pedirá ao deputado que desista da disputa.
Tarso afirmou que, em razão
da relação de Lula com Aldo,
esse pedido jamais seria feito.
"O presidente me orientou a
permanecer acompanhando o
processo, sem interferir. Por
parte do governo, isso [pedido
de retirada de candidatura] não
vai ser feito. Nem com o Aldo
nem com o Arlindo."
Ele disse, porém que o governo deixará claro quem considera ter mais chances de vitória.
"Em algum momento vamos
manifestar essa opinião."
PFL
Lideranças do PFL lamentaram ontem a decisão do PSDB.
Os pefelistas apóiam Aldo.
"Eu preferia que estivéssemos juntos, mas cada um tem
suas posições", disse o presidente do PFL, senador Jorge
Bornhausen (SC). Para o senador Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), apoiar o PT é um
"contra-senso".
O PFL justifica o apoio a Aldo
como uma estratégia para dividir a base aliada. "O candidato
do Palácio do Planalto é o do PT
[Chinaglia], isso está muito claro para mim. E dividir a base do
governo é uma boa estratégia",
disse Bornhausen.
Líder do PFL e candidato à
presidência do Senado, José
Agripino (RN) disse que a oposição não lançou candidato na
Câmara por pragmatismo.
"Claro que não é bom para a
gente, mas a oposição tem que
lutar com perspectiva real de
vitória. Não queremos marcar
posição, e sim disputar para ganhar."
(LETÍCIA SANDER, SILVIO NAVARRO E FERNANDA KRAKOVICS)
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