São Paulo, sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

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Aldo não recua e diz que "voto se colhe na urna, não no cacho"

Presidente da Câmara conta com dissidência de membros de partidos que declararam preferência por Arlindo Chinaglia

Tarso, que continuará a "acompanhar o processo", diz que falou com Lula e o presidente afirmou que não irá pedir que Aldo desista


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Mesmo após sofrer o segundo revés na semana, o presidente da Câmara e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PC do B-SP), reafirmou que segue na disputa e comparou sua situação ao cerco de Stalingrado.
"O cerco de Stalingrado durou bastante tempo, até que em determinado momento deixou de existir, porque a resistência era muito grande", disse. "Eu creio que esta operação Barbarossa [invasão da União Soviética pela Alemanha, em 1941, na Segunda Guerra Mundial] vai encontrar sua Stalingrado [batalha em 1942-3, vencida pelos soviéticos] no dia 1º de fevereiro", completou, referindo-se à votação em plenário.
Aldo foi comunicado oficialmente do apoio da bancada do PSDB ao rival Arlindo Chinaglia (PT-SP) por meio de um telefonema do líder tucano, Jutahy Júnior (PSDB-BA). O comunista, porém, deixou claro que conta com votos dentro da bancada do PSDB.
"Eu nunca cogitei recuar ou abandonar minha candidatura, muito menos agora. Creio que o voto se colhe na urna, e não em cacho, como banana."
Na terça-feira, a maioria da bancada do PMDB já optara pelo apoio a Chinaglia. Enfraquecido, Aldo se apega cada vez mais às dissidências nas bancadas. Aposta que, no voto secreto, tem chances de vitória. Segundo ele, há muitos parlamentares que "protegem sua convicção" de "ataques especulativos" - por isso não declararam voto nele até agora.

Planalto
O ministro Tarso Genro (Relações Institucionais) disse ontem que falou por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que não pedirá ao deputado que desista da disputa.
Tarso afirmou que, em razão da relação de Lula com Aldo, esse pedido jamais seria feito. "O presidente me orientou a permanecer acompanhando o processo, sem interferir. Por parte do governo, isso [pedido de retirada de candidatura] não vai ser feito. Nem com o Aldo nem com o Arlindo."
Ele disse, porém que o governo deixará claro quem considera ter mais chances de vitória. "Em algum momento vamos manifestar essa opinião."

PFL
Lideranças do PFL lamentaram ontem a decisão do PSDB. Os pefelistas apóiam Aldo.
"Eu preferia que estivéssemos juntos, mas cada um tem suas posições", disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Para o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), apoiar o PT é um "contra-senso".
O PFL justifica o apoio a Aldo como uma estratégia para dividir a base aliada. "O candidato do Palácio do Planalto é o do PT [Chinaglia], isso está muito claro para mim. E dividir a base do governo é uma boa estratégia", disse Bornhausen.
Líder do PFL e candidato à presidência do Senado, José Agripino (RN) disse que a oposição não lançou candidato na Câmara por pragmatismo. "Claro que não é bom para a gente, mas a oposição tem que lutar com perspectiva real de vitória. Não queremos marcar posição, e sim disputar para ganhar." (LETÍCIA SANDER, SILVIO NAVARRO E FERNANDA KRAKOVICS)

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