São Paulo, segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Votos mais caros se concentram no interior

DA REPORTAGEM LOCAL

Os votos mais caros do país estão longe das capitais. Levantamento feito pela Folha nas contas dos cem principais candidatos a prefeito indicou gastos de até R$ 418 por voto conquistado, cerca de 5.000% superior à média, por exemplo, das maiores campanhas na cidade de São Paulo. A pesquisa comparou a despesa total declarada pelo candidato com o número de votos que recebeu.
Apenas um candidato das capitais ficou entre os 20 maiores gastos por voto recebido: Carlos Augusto Moreira Júnior (PMDB), que acabou em terceiro lugar na disputa em Curitiba (PR). Sua campanha teve custo médio de R$ 124,60 por voto recebido. O levantamento mostra ainda que, entre os 20 candidatos que mais gastaram, metade não se elegeu.
Moreira, atual chefe-de-gabinete do governador Roberto Requião (PMDB-PR), disse que gastou pouco (R$ 2,38 milhões), em comparação com seus adversários. "Por eu ter vindo da vida acadêmica, não ser muito conhecido, o gasto reflete esse desconhecimento, tivemos que desembolsar mais, pois as campanhas hoje são extremamente midiáticas."
O campeão do país, em custo por voto recebido, é Victor Priori (PSDB), que gastou R$ 418,37 por sufrágio e ficou em terceiro lugar em Jataí (GO). O maior custo por voto de um prefeito eleito foi na campanha de Luiz Carlos Attié (DEM), em Cristalina (GO) -R$ 137,62 por cada voto.
O principal argumento dos candidatos não eleitos ou prefeitos recém-empossados que tiveram campanhas com alto custo por voto é que não houve caixa dois na campanha, todos os gastos foram contabilizados.
Na outra ponta, entre os que menos gastaram por voto, estão seis candidatos que concorreram em capitais. Quatro foram eleitos: Duciomar Costa (PTB), em Belém; João Henrique (PMDB), em Salvador; José Almeida (PP), em Maceió; e José Fogaça (PMDB), em Porto Alegre. O menor custo por voto no país foi o da campanha de Fernando Gabeira (PV), segundo colocado no Rio.
Outro derrotado no primeiro turno, o empresário Omar Resende Peres Filho (PV), dono da afiliada da Rede Globo em Juiz de Fora (MG), de um jornal local e de restaurante no Rio, teve um custo médio de R$ 81,82 por voto obtido, ou R$ 1,44 milhão no total.
O empresário disse que foi penalizado pela Justiça Eleitoral na campanha -ficou uma semana fora do ar na TV porque veiculou vídeo que cobrava uma promessa supostamente não cumprida pelo governador Aécio Neves (PSDB), apoiador de seu adversário na cidade. Com isso, diz, sua campanha viu-se obrigada a gastar mais com a impressão de papéis.
Segundo o coordenador da campanha de Luiz Carlos Attié, sua conta ficou alta porque todas as despesas foram declaradas. O prefeito de Paulínia (SP), quarto maior gasto por voto (R$ 115,34), também disse, via assessoria, que declarou todos os custos. O empresário Victor Priori não foi localizado.
As duas mais caras campanhas do país -Gilberto Kassab (DEM), R$ 29.758.706, e Marta Suplicy (PT), R$ 21.025.198- ficaram entre as 20 menores, em termos de gasto por voto conquistado. Kassab gastou R$ 7,85 por voto e Marta, R$ 8,57.


Texto Anterior: Campanhas de 2008 são 57% mais caras do que as de 2004
Próximo Texto: Corrupção afeta pouco taxa de reeleição
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.