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ONGs cobram mais verba para Peti
FLÁVIA MARREIRO
DA REDAÇÃO
Em vez de cogitar retirar verbas
do Peti -um programa considerado eficaz-, o governo deveria
ampliar os recursos destinados a
ele, dizem entidades ligadas ao
combate do trabalho infantil.
"Esperávamos que o Peti fosse
ampliado para manter nossa meta de redução do problema. Todo
e qualquer corte poderia comprometer e até reverter o resultado
que vínhamos conseguindo", diz
Isa Maria de Oliveira, secretária-executiva do Fórum Nacional de
Erradicação do Trabalho Infantil.
Criado há dez anos, o fórum,
que reúne governo federal, ONGs
e entidades sindicais, foi um dos
formuladores do Peti.
O Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil é apontado como um dos responsáveis pela diminuição da taxa de crianças entre 5 e 17 anos que trabalham (de
19,6% em 1992 passaram a 12,7%
em 2001, segundo o IBGE).
"Não consigo acreditar que um
governo que se diz comprometido com o social cogite fazer isso.
Só temos dinheiro para manter as
atividades", diz Naidison Baptista, do MOC (Movimento de Organização Comunitária), ONG parceira do Peti na Bahia, onde 78 mil
crianças plantam sisal.
O diretor-presidente da Fundação Abrinq, Rubens Naves, disse
que a entidade cobrará do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o
compromisso de não contingenciar a verba: "Lula assinou um
compromisso com a Fundação
Abrinq". A fundação foi uma das
pioneiras a combater o problema.
O Ministério Público do Trabalho, que tomou parte de uma comissão de avaliação do Peti, criticou a possibilidade de redução. "É
uma surpresa. Gera um grande
desânimo. Sabemos que algumas
atividades oferecidas pelas prefeituras precisam de mais recursos
para funcionar bem", diz Eliane
Araque, coordenadora nacional
de Combate ao Trabalho Infantil.
A procuradora se refere à ação
do Peti que amplia a jornada das
crianças na escola -reforço escolar ou prática de esporte, por
exemplo- oferecidas por governos municipais, mas custeadas
pelo programa. "O Peti não é só
bolsa [repasse de dinheiro às famílias]. Se a criança não tem
apoio na escola, a lógica não é
rompida, ela cresce, não arranja
emprego e gera novos trabalhadores infantis", diz Isa Maria.
A preocupação com o corte já
existia. Em documento de outubro de 2003, secretários estaduais
de Assistência Social do país pediram a manutenção e ampliação
do programa. "Sabíamos que o
Peti estava sendo avaliado, mas
temíamos as mudanças", diz a secretária de Desenvolvimento e
Assistência Social de São Paulo,
Maria Helena de Castro.
Colaborou SÍLVIA FREIRE, da Agência
Folha
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