São Paulo, quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004

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Palocci promete a petistas juros de 12% ao ano

FERNANDA KRAKOVICS
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No jantar de anteontem da bancada do PT na Câmara com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para celebrar os 24 anos do PT, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) previu que a taxa básica de juros (Selic) chega ao fim de 2004 entre 11% e 12% ao ano, segundo o deputado Chico Alencar (RJ). Hoje, está em 16,5% ao ano.
No encontro, o presidente deu dois recados duros. Ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (SP), disse que não deveria ter criticado publicamente o secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. Depois, foi irônico: chamou de "coesa" a bancada que se dividiu em 2003 em relação às propostas do governo.
"Aquela coisa do João Paulo com o Nilmário foi ruim. O João Paulo deu uma paulada de público. Devia ter ligado para o Nilmário."
Na segunda-feira, depois de Nilmário ter dito que João Paulo prometera empenho para votar projeto de combate ao trabalho escravo, o presidente da Câmara respondeu que o governo não estava empenhado porque não incluiu a proposta na convocação extraordinária.
O jantar foi descontraído. Uma roda com cerca de 30 deputados, entre eles João Paulo, ficou em torno de Lula o tempo todo.
O segundo recado foi dado no discurso do novo líder da bancada do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP). "O presidente pode contar com a bancada do PT para caminhar em direção ao nosso sonho...", dizia Chinaglia, quando Lula completou: "[Bancada] Coesa".
Muitos deputados reclamaram ao ministro da Fazenda do corte de emendas parlamentares. Palocci prometeu liberações e tentou agradar aos que combatem a política econômica ao prever a taxa básica de juros.
O governo anunciou corte de R$ 6,5 bilhões no Orçamento deste ano. A medida desagradou ao Congresso, especialmente à Câmara, onde há pré-candidatos às eleições deste ano. Palocci falou que "vai liberar mais dinheiro do que imaginam".
As brincadeiras em torno de Palocci começaram com o presidente da Câmara, ao chamar o ministro, no microfone, para se aproximar. "Palocci do [R$] 1,5 [bilhão], vem para cá", disse. O ministro, rodeado de deputados, devolveu: "Estou aqui distribuindo umas emendas".
Os deputados disseram que José Dirceu (Casa Civil) manteve-se discreto boa parte do tempo. Não escapou dos pedidos de audiência, mas tentou se esquivar: "Isso é com o Aldo", referindo à atribuição de Aldo Rebelo (Coordenação Política e Assuntos Institucionais).

Batalha musical
As correntes internas do PT travam uma batalha musical em torno dos festejos pelos 24 anos do partido: o campo majoritário divulga jingle que louva a atuação da legenda em 2003, e a esquerda, um samba com críticas.
O publicitário Duda Mendonça enviou ao jantar o jingle: "Esse é o PT dos poetas, o PT das vitórias, trabalhadores, dos brasileiros, da mudança". O samba, de autoria de Chico Alencar e do vereador carioca Eliomar Coelho, diz assim: "Primeiro ano, que sufoco, país quebrado, e o servidor até pensou, mudou de lado?".


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