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NO AR
"É do Brasil"
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
O Jornal Nacional fez
uma série de reportagens
sobre cultura brasileira durante
a última semana.
É parte de alguma campanha
da Rede Globo -campanha
que prossegue com seminário de
diretores, atores, telenovelistas e
outros globais a partir de hoje,
em São Paulo.
As reportagens retratam o que
é cultura nacional, no entender
da emissora dominante. Para
definir cultura, de cara, foram
entrevistar a atriz de novelas
Carolina Ferraz:
- O que faz a cultura de um
povo é a língua que ele fala, o
que ele veste, a música que ele
escuta.
Passa um dia e, como exemplo
do "ótimo negócio" da cultura,
o JN registra:
- Tudo começou com Jorge
Amado, batendo à máquina.
Era 1958, e a vida de Gabriela
começou a encantar o Brasil. Do
livro para a TV.
Para a telenovela, quer dizer.
E a partir daí:
- Onde quer que Gabriela
apareça, o mundo reconhece: é
do Brasil.
Passa mais um dia e a coisa se
escancara. O assunto agora é a
cultura na TV, melhor dizendo,
nas novelas da Globo. E o JN
não economiza:
- É o maior complexo de TV
da América Latina. Instalada
num terreno com mais de um
milhão de metros quadrados, a
Central Globo de Produção
abriga as cidades cenográficas,
ou seja, os cenários das novelas
e séries, além de dez estúdios e
15 módulos de produção. Uma
fábrica de emoções que, no ano
passado, produziu mais de 2.600
horas, equivalentes a mais de
mil longas-metragens. Todos os
programas foram exibidos no
Brasil e também no exterior. A
Globo exporta para mais de 60
países, da Rússia ao México, da
Grécia ao Canadá.
E por aí foi, infindavelmente.
Ouviu-se, do ator de novelas
Marcos Palmeira:
- De repente você está dando
autógrafo até para uma pessoa
do Uzbequistão.
A propaganda travestida se
manteve por mais dois dias.
Num deles, a atriz de novelas
Giovanna Antonelli foi levada a
falar do que gosta, na cultura
brasileira:
- Eu gosto de forró, adoro
forró.
E o diretor Daniel Filho, da
Globofilmes, surgiu para tratar
do cinema:
- Queremos que o público
brasileiro venha ver o cinema
brasileiro.
Toda reportagem, durante a
semana toda, terminava com o
mesmo bordão:
- É a cultura que faz a cara
do Brasil.
Troque "cultura" por "Globo"
e a mensagem fica mais clara.
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