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ELEIÇÃO NA CÂMARA
Grupo pró-Greenhalgh planeja "arrastão" no fim de semana
Para evitar 2º turno, Planalto vai atrás de votos da oposição
FÁBIO ZANINI
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Líderes de partidos da base aliada e dez ministros, reunidos ontem em café da manhã, chegaram
à conclusão de que vão precisar
dos votos da oposição para eleger
em primeiro turno o candidato
do Palácio do Planalto à presidência da Câmara, Luiz Eduardo
Greenhalgh (PT-SP). O governo
também pediu aos aliados um
"arrastão" no final de semana para convencer deputados a votar
no candidato oficial.
Greenhalgh, em discurso qualificado como "realista" por alguns
dos presentes ao encontro, disse
ser fundamental garantir já no
primeiro turno a vitória, na segunda-feira. Um eventual segundo turno seria confuso e imprevisível, até porque não haverá tempo para grandes articulações políticas entre um turno e outro.
"Não quero ninguém comemorando antes da hora. Temos que
buscar cada voto", afirmou o candidato na conversa.
Na saída, ele afirmou que o balanço foi "extremamente positivo". "A possibilidade de vitória
no primeiro turno está cada vez
mais concretizada."
O encontro ocorreu na casa do
presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (PT-SP), e durou cerca de
uma hora e meia. Participaram,
além dos líderes da base aliada, os
ministros José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Coordenação
Política), Antonio Palocci (Fazenda), Ciro Gomes (Integração Nacional), Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento), Eunício Oliveira (Comunicações),
Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Alfredo Nascimento
(Transportes), Walfrido Mares
Guia (Turismo) e Roberto Rodrigues (Agricultura).
Compareceram ainda o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), e seu sucessor, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Na contabilidade dos apoios,
chegou-se a 253 deputados na base aliada, sendo necessários 257
para vitória em primeiro turno.
Mesmo esse número leva em conta alguns cenários otimistas e minimiza o potencial de traições pelo fato de o voto ser secreto.
Exemplo: nas contas do PT, 88
dos 90 deputados votam em Greenhalgh, índice improvável. Admite-se nos bastidores que até dez
petistas podem votar no dissidente Virgílio Guimarães (PT-MG).
No PMDB, a conta inclui 45 votos pró-Greenhalgh, em uma bancada de 85, mas uma estimativa
mais realista ficaria em torno de
35. Outros 30, influenciados pelo
ex-governador do Rio Anthony
Garotinho, devem optar por Virgílio, enquanto o restante apoiaria
Severino Cavalcanti (PP-PE).
O crescimento de Cavalcanti,
aliás, foi tema das conversas no
encontro. Um dos líderes afirmou
que não será surpresa se ele, que
tem como bandeira de campanha
a elevação do salário de deputados, ganhar de Virgílio.
Para tentar contornar esses imprevistos, o grupo de Greenhalgh
espera cerca de 25 votos da oposição (PFL e PSDB), apostando que
alguns desses deputados vão respeitar o princípio de que o PT, por
ser a maior bancada, deve indicar
o presidente da Casa.
Greenhalgh pediu aos ministros
envolvimento na campanha. Roberto Rodrigues ficou de conversar com a bancada ruralista, resistente ao candidato por ele ter sido
advogado do MST, enquanto ministros ligados a partidos prometeram procurar dissidentes.
Houve, novamente, reclamação
de deputados contra ministros
que não atendem telefonemas,
não marcam audiências ou cancelam convênios. "O governo precisa planejar suas ações, tem de ter
execução orçamentária planejada
e atendimento ao parlamentar.
Tem de ter sensibilidade para melhorar a relação", disse o líder do
PSB, Renato Casagrande (ES).
O "ministro-alvo" das reclamações, dessa vez, foi Olívio Dutra
(Cidades). O único a falar foi Rebelo, que prometeu maior atenção aos pleitos dos parlamentares
e disse que a execução orçamentária de 2005 será cumprida.
Colaboraram FERNANDA KRAKOVICS
e RICARDO WESTIN, da Sucursal de
Brasília
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