São Paulo, sábado, 12 de fevereiro de 2005

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ELEIÇÃO NA CÂMARA

Grupo pró-Greenhalgh planeja "arrastão" no fim de semana

Para evitar 2º turno, Planalto vai atrás de votos da oposição

FÁBIO ZANINI
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Líderes de partidos da base aliada e dez ministros, reunidos ontem em café da manhã, chegaram à conclusão de que vão precisar dos votos da oposição para eleger em primeiro turno o candidato do Palácio do Planalto à presidência da Câmara, Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). O governo também pediu aos aliados um "arrastão" no final de semana para convencer deputados a votar no candidato oficial.
Greenhalgh, em discurso qualificado como "realista" por alguns dos presentes ao encontro, disse ser fundamental garantir já no primeiro turno a vitória, na segunda-feira. Um eventual segundo turno seria confuso e imprevisível, até porque não haverá tempo para grandes articulações políticas entre um turno e outro.
"Não quero ninguém comemorando antes da hora. Temos que buscar cada voto", afirmou o candidato na conversa.
Na saída, ele afirmou que o balanço foi "extremamente positivo". "A possibilidade de vitória no primeiro turno está cada vez mais concretizada."
O encontro ocorreu na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e durou cerca de uma hora e meia. Participaram, além dos líderes da base aliada, os ministros José Dirceu (Casa Civil), Aldo Rebelo (Coordenação Política), Antonio Palocci (Fazenda), Ciro Gomes (Integração Nacional), Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento), Eunício Oliveira (Comunicações), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Alfredo Nascimento (Transportes), Walfrido Mares Guia (Turismo) e Roberto Rodrigues (Agricultura).
Compareceram ainda o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e seu sucessor, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Na contabilidade dos apoios, chegou-se a 253 deputados na base aliada, sendo necessários 257 para vitória em primeiro turno. Mesmo esse número leva em conta alguns cenários otimistas e minimiza o potencial de traições pelo fato de o voto ser secreto.
Exemplo: nas contas do PT, 88 dos 90 deputados votam em Greenhalgh, índice improvável. Admite-se nos bastidores que até dez petistas podem votar no dissidente Virgílio Guimarães (PT-MG).
No PMDB, a conta inclui 45 votos pró-Greenhalgh, em uma bancada de 85, mas uma estimativa mais realista ficaria em torno de 35. Outros 30, influenciados pelo ex-governador do Rio Anthony Garotinho, devem optar por Virgílio, enquanto o restante apoiaria Severino Cavalcanti (PP-PE).
O crescimento de Cavalcanti, aliás, foi tema das conversas no encontro. Um dos líderes afirmou que não será surpresa se ele, que tem como bandeira de campanha a elevação do salário de deputados, ganhar de Virgílio.
Para tentar contornar esses imprevistos, o grupo de Greenhalgh espera cerca de 25 votos da oposição (PFL e PSDB), apostando que alguns desses deputados vão respeitar o princípio de que o PT, por ser a maior bancada, deve indicar o presidente da Casa.
Greenhalgh pediu aos ministros envolvimento na campanha. Roberto Rodrigues ficou de conversar com a bancada ruralista, resistente ao candidato por ele ter sido advogado do MST, enquanto ministros ligados a partidos prometeram procurar dissidentes.
Houve, novamente, reclamação de deputados contra ministros que não atendem telefonemas, não marcam audiências ou cancelam convênios. "O governo precisa planejar suas ações, tem de ter execução orçamentária planejada e atendimento ao parlamentar. Tem de ter sensibilidade para melhorar a relação", disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES).
O "ministro-alvo" das reclamações, dessa vez, foi Olívio Dutra (Cidades). O único a falar foi Rebelo, que prometeu maior atenção aos pleitos dos parlamentares e disse que a execução orçamentária de 2005 será cumprida.


Colaboraram FERNANDA KRAKOVICS e RICARDO WESTIN, da Sucursal de Brasília

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