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ELEIÇÕES 2006/REGRAS DO JOGO
Futuro presidente do TSE vê desrespeito à Constituição; normas devem ser decididas pelo Supremo
Reforma pode não valer para este ano, diz ministro do STF
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Marco Aurélio de
Mello, que deve assumir a presidência do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), sinalizou ontem que a
reforma eleitoral em tramitação
no Congresso pode não valer para
as eleições deste ano, por determinação do STF (Supremo Tribunal
Federal).
"Há um problema seríssimo
que é o respeito ao artigo 16 da
Constituição, o da anterioridade.
Essa regra dispõe que não se pode
ter qualquer modificação no ano
que antecede as eleições. Será que
interessa essa mudança, rasgando
a Constituição?", afirmou o ministro do Supremo.
Ainda de acordo com ele, se o
projeto for aprovado pela Câmara
e pelo Senado, haverá recursos ao
STF, que dará a palavra final. O
ministro deu a declaração em um
debate sobre o sistema eleitoral e a
atual crise política.
A Câmara aprovou nesta semana projeto que pretende reduzir
os custos das campanhas eleitorais. Restaram ainda 40 emendas
para votação na próxima semana,
o que deve alterar a proposta.
Um dos pontos mais importantes é o estabelecimento de um teto
para os gastos de campanha. O
projeto prevê que o Congresso teria de votar até 10 de junho de cada ano eleitoral uma lei sobre o
valor máximo permitido às campanhas a cada cargo público. Se
isso não fosse feito, o valor seria
definido pela Justiça Eleitoral.
As lideranças partidárias devem
modificar o texto, concedendo
aos partidos a responsabilidade
de limitar seus gastos, como ocorre hoje, caso o Congresso não vote
a lei a tempo.
Marco Aurélio também criticou
as CPIs. "Não podemos conceber
que a CPI substitua a polícia e o
Ministério Público. No afã de investigar há um certo extravasamento do objeto das CPIs instaladas, que não pode ser elastecido
durante o andar da carruagem."
Em janeiro, houve um atrito entre o Judiciário e o Legislativo por
conta de decisão do presidente do
STF, Nelson Jobim, impedindo a
quebra do sigilo bancário do presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, pela CPI dos Bingos.
Marco Aurélio ainda criticou a
intenção de Jobim de deixar o Supremo para se candidatar à Presidência da República. "A toga não
pode ser utilizada como trampolim para alcançar cargo político",
disse ele, ressaltando acreditar
que Jobim partirá para o campo
privado, exercendo a advocacia.
Ele defendeu o modelo vigente
pelo qual os ministros do STF são
indicados pelo presidente da República. Para ele, porém, a sabatina no Senado dos escolhidos pelo
presidente não tem cumprido seu
papel. "Ocorre o crivo como algo
formal. O saber jurídico presume-se que o candidato tem, o problema é a concepção ideológica."
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